Entrevista Online PARTE I
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Entrevista Online PARTE I

Convidamos as pessoas que acompanharam nossa página durante a viagem para fazer perguntas para nós. Muita gente colaborou e mandou suas curiosidades. Dividimos as perguntas em 8 tópicos: Roteiro, Planejamento Financeiro, Países, Cultura, Situações, Comida, Mala e a Volta. 

Como era bastante coisa para contar e também não queremos deixar nenhuma pergunta sem resposta, dividimos a entrevista em duas partes. Este artigo trás as perguntas respondidas dos quatro primeiros tópicos (Roteiro, Planejamento Financeiro, Países e Cultura).

ROTEIRO

Como vcs se programaram pra essa viagem? Fizeram todo o roteiro antes? Ja sabiam por onde passariam?
Fizemos um roteiro antes de partir, considerando dois fatores principais: os lugares que gostaríamos de visitar e a estação do ano que chegaríamos em cada um deles. O obejtivo era seguir o sol, pegar a primavera ou o verão na maioria dos países. Assim, evitaríamos carregar roupas mais pesadas e mais equipamentos. Acabamos pegando inverno somente em 2 ou 3 países, por outro lado ficamos bastante bronzeados depois de tanto sol.
Cumprimos cerca de 85% do roteiro planejado, mudamos alguns países por causa da época de ciclones na Ásia e também porque decidimos ficar mais tempo em alguns lugares.

Foi difícil conseguir os vistos, gastaram muitos dias com isso? Muitos países exigiam visto?
O visto mais díficil de conseguir foi o do Japão, porque eles possuem uma regra em que você deve solicitar o visto no seu país de origem. Já estávamos na Ásia e seria muito difícil voltar para o Brasil só para solicitar o visto para o Japão; além disso, seria uma fortuna! Tentamos aplicar para o visto na Índia e eles recusaram. Ficamos preocupados em ter que cancelar essa parte da viagem e resolvemos investigar melhor sobre isso. Conversamos com amigos, ligamos no Consulado do Japão no Brasil, pesquisamos na internet e resolvemos fazer uma carta para o consul do Japão na China (último país que visitaríamos antes de ir para o Japão), explicando toda a nossa situação. Fomos alertados que o grande problema era que as pessoas do consulado do Japão na China não falavam inglês. E, assim, com a ajuda de grande amigos, conseguimos traduzir a carta para o japonês! Ficamos 10 dias além do programado em Beijing, esperando o retorno do visto que, no final, deu certo.
Precisamos do visto para 15 países que vistamos, mas a maioria foi bem tranquilo. Muitas vezes você paga somente uma taxa na entrada do país e já consegue o visto. Para outros países, você faz tudo pela internet e imprimi uma carta para apresentar na imigração. Os que deram um pouco mais de trabalho foram: Índia, China, Japão, e Austrália.

PLANEJAMENTO FINANCEIRO

Como foi o planejamento financeiro para esse período que voces ficaram viajando? Como se manteram financeiramente por tanto tempo, mesmo com a desvalorização do real?
Para administrar nosso orçamento durante a viagem, estipulamos uma média de gastos diários no valor de US$ 150,00 (incluindo os voos nacionais, passeios, alimentação e hospedagem). O segredo era manter um equilíbrio, pois sabíamos que teríamos que economizar em lugares com menor custo de vida, considerando que alguns países esse orçamento poderia ser facilmente extrapolado.
Um ano antes de viajar, começamos a trocar doláres aos poucos, sempre aproveitando a baixa na cotação. Em 2014, antes de viajar, o dólar mais caro que compramos foi R$2,35. Viajamos com vários cartões pré pagos (em dólar e em euro) e um pouco em dinheiro. Não usamos cartão de crédito em nenhum lugar. Em 2015, tivemos que trocar um pouco mais de doláres e não tivemos tanta sorte, pois pagamos R$ 3,85. Ainda bem que não precisávamos de muito. É possível encontrar um cartão pré-pago que funciona como cartão de crédito, sendo que estes são os melhores, principalmente para comprar as passagens aéreas e reservar hotel pela internet.
A gestão de nosso orçamento superou minhas expectativas. Quando fiz as contas finais de toda nossa viagem, o resultado não poderia ser melhor. O custo total da nossa viagem foi de US$ 79.450, e, considerando que viajamos por 530 dias, a média de gastos diária foi de exatamente US$ 150,00. Em breve, vou publicar um artigo com todos os detalhes sobre nosso orçamento, incluindo os gastos com hospedagem, alimentação, passeios etc.

PAÍSES

Qual o país que vocês mais gostaram?
Essa é a pergunta clássica que muita gente nos faz, mas não tenho uma responda tão simples. O mundo é muito diferente para escolher um só lugar. É como se tivesse que escolher entre uma calça, uma saia, uma blusa ou um vestido (as mulheres me entendem). A resposta seria: depende! Então, vou seguir para as perguntas abaixo, pois acho que de alguma forma vou responder essa daqui.

País pra morar?
Cidade do Cabo, na África do Sul, uma cidade desenvolvida e linda.
Austrália, independente da cidade, pela qualidade de vida e o clima.

País pra viajar?
Todos os 37 países que passamos valem a visita, só depende do gosto de cada um. A gente não se arrependeu de ir para nenhum deles.
Para a pergunta não ficar sem resposta, aproveito para sugerir boas dicas de férias em lugares não tão distantes do Brasil, incluindo o fator bom custo x benefício (ou seja, lugares que os preços são bastante razóavéis): Grécia e Turquia; Sícilia, na Itália; e Cidade do Cabo, na África do Sul.
E, aproveitando a deixa, vou responder essa pergunta colocando os países que ainda queremos conhecer e não fomos desta vez: Filipinas, Israel, Jordânia, Egito, Rússia, Mongólia, Canadá e Antártica. O mundo é tão grande que nem dando a volta nele conseguimos ver tudo!

Se vcs pudessem voltar nesse momento, pra qualquer país que visitaram, qual seria a primeira opção? Algum lugar que se destaca em especial?
A Cidade do Cabo, na África do Sul, onde ficamos 1 mês e adoramos. Gostamos do clima, da mistura de praias lindas com as montanhas e, principalmente, pelo custo de vida, que não é tão alto. Come-se muito bem pagando pouco, as pessoas são simpáticas e não é tão longe do Brasil.
Em segundo lugar, o Havaí. Passamos 20 dias por lá e saímos com vontade de quero mais. São muitas ilhas e muitas coisas legais para fazer, além de ter uma natureza exuberante.

Sabendo que hoje o Brasil está com o Real desvalorizado. Qual ou quais roteiros recomendam para um orçamento econômico?
Bom, o Vietnã é o país mais barato que visitamos. Lá, uma cerveja de 1 litro chega a custar US$0,25. Em uma das cidades, ficamos em um hotel simples, mas muito bom, com café da manhã, pagando US$11,00 a diária. O problema é que os voos do Brasil para o Vietnã não são nem um pouco baratos.
Para um orçamento mais econômico, recomendaria a África do Sul. Tem voos direto do Brasil e o custo de vida não é tão alto. Come-se muito bem pagando pouco. Além de ser um lugar bastante eclético, que reúne opções de safari com praias lindas e caminhadas pelas montanhas. Vale a pena conhecer a Cidade do Cabo, Stellenbosch (região dos vinhos), fazer a Garden Route e experimentar o safari no Kruger National Park.

Sugestões de viagens indicadas por categoria, isto é, os destinos tops em: aventura, romance, descanso, cultura etc.

Vou responder colocando os 3 países que aparecem em minha mente quando penso em cada um dos tópicos abaixo:
Aventura – Ilhas Salomão, Tanzânia e Nova Zelândia
Romance – Ilhas Fiji, Havai e Grécia
Descanso – Vanuatu, Indonésia e Bahamas
Cultura – Butão, Marrocos e Japão
Bom CustoxBenfício – África do Sul, Vietnã e Camboja
Comida – Itália, Grécia e Vietnã

Qual o lugar que, por algum motivo, assustou vocês?
Acho que as Ilhas Salomão, mas tenho que confessar que, mesmo assim, adoramos ter conhecido este país. É o lugar menos preparado para o turismo de todos os países que passamos. Antes de ir para lá, quando conversávamos com algumas pessoas, nínguem tinha ouvido falar do lugar, nínguem sabia dar dicas e nem conhecia alguém que já tinha ido para lá. No avião, a caminho de Honiara, capital das Ilhas Salomão, conhecemos um oficial da ONU responsável pela segurança de todas as Ilhas do Pacífico que, por curiosidade, perguntou se estávamos indo de férias ou a trabalho. Quando falamos que não era a trabalho, ele até se espantou. Porque nínguem vai passar férias nas Ilhas Salomão! Ele deu várias dicas que nos deixaram assustados, falando que era perigoso sair a noite, para tomar cuidado nas ruas, não confiar nas pessoas e, principalmente, ficar atento com a malária, porque a rede de saúde no país é muito precária. Depois de tantas “dicas”, ficamos preocupados com nossos 14 dias no país.
Tudo que fizemos nas Ilhas Salomão era mais difícil ou precário. Nadar com golfinhos segurando uma cordinha amarrada no barco com o motor ligado próximo aos pés, subir na cratera de um vulcão atravessando um rio de água fervendo, hotéis que a energia só funcionava depois das 19h e terminada as 00h, água gelada, muito, mais muito repelente, comer miojo porque os restaurantes fechavam cedo, andar em barquinhos de pescadores abarrotados de pessoas, enfim, conhecer as Ilhas Salomão foi uma grande aventura!
Qual lugar vocês não recomendam?
É difícil dizer um lugar que a gente não recomenda porque existem muitos tipos de viagem e de viajantes. Há pessoas que gostam de aventura e lugares não explorados pelo turismo e, também, há aqueles que preferem um pouco mais de conforto. Portanto, varia muito! Um lugar que chamou a atenção pela dificuldade de viajar por conta própria dentro do país é a Índia. Tudo é muito difícil, cheio ou complicado. Para quem tem muita vontade de conhecer a Índia e não quer passar perrengue, recomendo ir com os pacotes oferecidos pelas agências de turismo. Outra coisa que pode determinar a inclusão ou a exclusão de um país no roteiro é a situação política do mesmo. Desistimos de ir para o Egito, Israel e Jordânia por causa das tensões nestes países na época.

CULTURA

Qual cultura surpreendeu mais vocês e por quê?
A cultura do Butão. Eu já tinha ouvido falar e lido a respeito do Índice de Felicidade Interna Bruta do país, mas conhecer com meus próprios olhos um pouco da cultura deste reino tão interessante foi um dos pontos altos da viagem com certeza. Nos poucos dias que ficamos lá tivemos uma verdadeira aula sobre o Budismo (religião predominante no país) e ainda pude ver exemplos de ações que exemplificavam cada um dos pilares que compõem os indicadores deste Índice Nacional. Além disso, acompanhamos o Festival Anual da cidade de Paro, que foi uma oportunidade única de conhecer de perto todos os valores da cultura local.
Para saber mais, veja nossos artigos sobre o Butão:

Nossos dias no reino do Butao

Butão: Como medir a felicidade?

Qual foi, e onde, o ritual cultural ou religioso que vcs presenciaram / participaram que consideram mais especial, tocante ou transformador?
Na Índia, ficamos hospedados por alguns dias no ashram chamado Parmarth Niketan, em Rishikesh. Ficar em um ashram na Índia é uma experiência bastante interessante. O ashram é um lugar que transmite muita paz e tranquilidade e cria um ambiente que nos incentiva a refletir sobre muitas coisas em nossas vidas. Quando estávamos lá, tivemos a oportunidade de participar da cerimônia do pôr do sol, chamada de Ganga Aarti, realizada na frente do ashram, às margens do rio Ganges. O mais legal dessa cerimônia é que ela atrai pessoas de diferentes culturas, línguas, religiões e modos de vida. As pessoas vêm para conhecer a cerimônia e sentir a energia dessas orações voltadas para o rio, que é considerado a “Divina Mãe”, enquanto o sol se põe. A cerimônia é linda, sendo dedicada à Deus em qualquer maniifestação, forma ou nome.
Além disso, todos os dias após a cerimônia, pudemos participar de um papo exclusivo com o guru responsável pelo ashram em que estávamos hospedados, Pujya Swamiji. E, para mim, essa era a parte mais enriquecedora da nossa passagem pela Índia. Com muitas palavras de sabedoria, ele falava sobre a vida, sobre as angústias do ser humano e nossa missão com o Planeta em que vivemos.

Com toda essa experiência incrível, quais são as 5 características comuns que vocês destacariam entre todos os povos que conheceram? Independente de religião, raça, idade, local? Algo como: o que de fato nos une quando falamos em humanidade?
Pergunta difícil, considerando que o mundo é muito diferente e eclético, mas vamos lá! Consigo pensar em 3 características comuns que se destacam entre os povos.
A primeira é a Fé. Conhecemos busdistas, hinduístas, mulçumanos, islamistas, católicos, evangelícos, ou seja, as mais diferentes religiões. Em todas elas predomina-se a fé. Isso é tão forte que alguns lugares criaram templos dedicados a todas as religões; são ambientes sagrados de adoração a Deus, qualquer que seja ele. Em Nova Deli, na Índia, conhecemos o Templo no formato de uma flor de lótus, que tem exatamente esse objetivo. Na Tailândia, em Chiang Rai, o chamado Templo Branco desperta interesse justante pela sua diversidade. Eu acredito que a fé tem o poder de nos unir como humanos, na crença de algo além deste plano e, principalmente, esperança de um mundo melhor. Mesmo viajando o mundo, eu ainda sou uma pessoa otimista.
A segunda característica é a solidariedade. Mesmo em meio a escassez de recursos, as pessoas se ajudam, seja para carregar um balde de água ou para dar alimento ao seu vizinho. Nos países mais pobres, percebi um senso de comunidade que me surpreendeu; as pessoas que tem situações semelhantes de carência acabam se reunindo na forma de uma comunidade, para ter acesso aos rescursos básicos. O ser humano é egoísta para muitas coisas, mas numa situação de emergência, ele se sensibiliza e se mobiliza para ajudar aquele que precisa.
E, por fim, a terceira carcaterística é a esperança no amanhã. Mesmo com todas as catástrofes e desatres que tem ocorrido em nosso Planeta, as pessoas em geral têm esperança em um futuro melhor, por mais difícil que isso possa parecer. Esta terceira característica está intimamente ligada à primeira que mencionei, a fé. Para mim, a esperança é a chama que precisamos manter acesa, porque seu poder é necessário para enfrentarmos as mudanças que estão por vir. Se esta chama um dia se apagar, será o fim de tudo.

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