Para um casal que ama chocolate como nós, não tinha como ir na Suíça sem conhecer uma fábrica de chocolates. Fomos na fábrica da Callier, que fica no vilarejo de Broc, na região das montanhas de Gruyere.
É um passeio para os olhos, olfato e paladar. Ao parar o carro no estacionamento, já é possível encontrar uma paisagem digna de propaganda de chocolate suiço, com as vacas pastando traqnuilamente e chalés que até parecem que foram colocados propositadamente no cenário alpino. Mas o detalhe é o aroma de chocolate, que toma conta de todo o vale e vem dar boas vindas aos visitantes.
François-Louis Cailler nasceu na cidade de Vevey e criou a marca de chocolate mais antiga da Suíça. A fábrica existe há 108 anos e foi aberta para visitação nos anos 70 e depois modernizada para uma visita mais interativa em 2006. Hoje, a marca Cailler está incorporada à Nestlé, mas mantém a essência da fabricação de seus chocolates há quase 200 anos, claro que agora de forma mais automatizada.
A visita dura aproximadamente uma hora e custa 10 CHF. Tudo é muito bem organizado. São grupos de até 20 pessoas a cada 4 minutos. O tour pode ser em francês, inglês, espanhol, italiano e alemão. Na entrada, há um espaço específico para o “check in”, com cartazes de propagandas antigas. Lá dentro há ainda um cinema passando filmes exclusivos sobre o chocolate e sobre a Callier, para entreter as pessoas nos dias de muita fila. Como não é alta temporada, não tinha tanta gente, o que deixou o passeio ainda mais agradável.
A visita é toda automatizada; o visitante vai entrando em diferentes salas, seguindo um narrador invisível que conta a história do chocolate desde os primórdios da humanidade. Tudo com efeitos especiais para surpreender o espectador. A cada sala uma surpresa. Sem falar do cheiro que vai ficando cada vez mais irresístivel.
Após esta primeira parte, entra-se em uma sala onde os ingredientes podem ser observados, cheirados, tocados e até comidos (algumas pessoas não resistem em simplesmente cheirar uma amêndoa ou avelã fresquinha) em uma sala que tem painéis explicativos sobre cada um deles, o momento que eles entram na receita, sua origem e qualidade. No chão ficam, os grandes sacos plásticos com se tivessem sido desembarcados dos navios: favas torradas de cacau de Gana e Equador, amêndoas e avelãs da Espanha, mel e leite da Suíça e também manteiga de cacao.
Ai vem a parte de deixar a boca cheia d’agua. É possível acompanhar uma máquina fazendo pequenas barrinhas de chocolate do começo ao fim de sua preparação. Ia ser uma sala de tortura se não fosse uma bandeja repleta de chocolates para degustação no final do processo. O melhor era experimentar um chocolate tão fresquinho que tinha acabado de ser feito.
Depois, através de computadores, era possível conhecer cada parte da fábrica e como funciona cada etapa do processo de preparação do chocolate. Essa hora nos faz pensar como a produção de chocolate mudou tanto nas últimas décadas. Pelos filmes na entrada, era possível ver as fábricas onde as mulheres e homens trabalhavam embalando e fabricando os doces um a um, com as mãos. Hoje em dia, as fábricas se transformaram em grandes mecanismos automatizados, onde o mestre chocolateiro mais parece um engenheiro cercado de computadores. As fábricas modernas são esterilizadas e não podem ser visitadas pela maioria do público.
Quando eu achava que estava no final, veio a melhor parte de todas, uma sala interinha para degustação. Nessa hora eu morri! Tinha até um painel explicativo de como degustar um chocolate. O ideal é usar todos os sentidos, olhar, cheirar, quebrar ele com as mãos e deixar derreter nos lábios lentamente. Começava com as barras mais simples, ao leite, amargo, branco, com nuts, com mel, e depois vinha os mais elaborados com praliné, giandua, caramelo etc.. Nem vou descrever muito para não torturar os leitores da matéria.
No final da visita, como qualquer empresa inteligente, uma lojinha com produtos mais baratos do que os supermercados e um pequeno café de bebidas com chocolate.
E para finalizar, que tal um chocolatinho? Eu já estou com o meu aqui!
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