Passeio por Fez no Marrocos
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Passeio por Fez no Marrocos

Conhecer Fez foi uma grata surpresa. Antes de irmos para a cidade, ouvimos os mais diferentes comentários; alguns diziam que era perigoso, outros que era muito ruim, ou que era muito formal e mais tradicional.

Depois de quase 8 horas de viagem saindo de Marrakech, chegamos na grande Fez. A cidade tem aproximadamente 1,4 milhões de habitantes. Sua Mesquita de Qarawiyyin, ou Karueein, é a maior e a mais velha mesquita da África. A cidade foi fundada em 808 d.C. por Idrís II, tendo sido a capital de Marrocos durante vários períodos. É a cidade onde esta localizada a Universidade de Karueein, a mais antiga universidade do mundo ainda em funcionamento, criada nos primórdios da cidade (859).

A medina principal, Fez El-Bali, foi considerada patrimônio da Humanidade pela Unesco em 1981.

Não tivemos muitos problemas para encontrar a medina e procurar o riad, como dizem aqui, (pousada/pensão) que ficaríamos hospedados. Encontramos pessoas mais simpáticas que não estavam nos ajudando somente por dinheiro, como acontecia em Marrakech.

Contratamos um guia oficial para conhecer a medina, o que foi uma ótima escolha para não nos perdemos lá dentro. Também não é caro; o passeio com o guia por 3 horas custou 20 euros para um grupo com 4 pessoas.

Fez nos pareceu uma cidade mais autêntica em relação a cultura e aos costumes marroquinos. Talvez por ter menos turistas e não ser tão caótica como Marrakech, pudemos observar melhor o modo de vida dos mulçumanos.

O dia começa cedo para as crianças que vão para escola, mas não para o comércio que abre suas portas mais tarde e fica aberto até tarde da noite.

O passeio pelas ruas da medina as vezes pode ser um pouco tenebroso, pois as ruas são muito estreitas, as vezes um pouco escuras, tem lixo jogado nos becos e muito movimento de pessoas, burros e jegues. Mas na verdade é tudo muito seguro. A maioria das ruas tem câmeras, e há policiais disfarçados em toda a medina para garantir a segurança dos turistas.

A medina de Fez tem 14 portas e é dividida em grandes 2 bairros. Assim como em outras cidades, o comércio é a principal característica da medina. Passamos pelo mercado com frutas, verduras e legumes diversos, misturado com os açougues vendendo frangos vivos, cabeça de bode, carne de pombo, peixe e outras iguarias locais. O exotismo toma conta do cenário com uma variedade de diferentes artigos: roupas, cerâmicas, tapeçarias, artesanato e alimentação. Quase lado a lado, podem conviver um pedaço enorme de carne de carneiro pendurada em ganchos com belas e delicadas pashminas coloridas.

O problema é que o mercado não parece ser muito higiênico e o cheiro também é forte. No meio de tudo isso ainda passam burros e jegues a todo momento transportando mercadorias.

Nas pequenas lojas, é possível encontrar vestidos marroquinos dos mais variados modelos, lenços das mais variadas cores, e também roupas com estilo mais ocidental. Passamos por uma região com diversas lojas de artigos em cobre e prata. Principalmente bacias de cobre e chaleiras de prata. Mas diferente de Marrakech, não há um assédio aos turistas para pressão por vender algo a todo momento. A negociação flui de forma um pouco mais amistosa.

A população que vive na medina é bastante carente; há muitas pessoas de idade pedindo dinheiro. Chega a ser triste ver as condições de algumas casas lá dentro, somada a falta de higiene em muitos lugares.

No entanto, eles parecem gostar do movimento de turistas caminhando por todos os lados. Cruzamos até com crianças que nos cumprimentavam em 3 línguas diferentes para descobrir de onde erámos.

O que me deixou extremamente abalada foi quando passamos pelo curtume. Principalmente ao ver aquelas pessoas em uma situação degradante e totalmente insalubre trabalhando duro. O cheiro do local era insuportável. E enquanto aqueles homens trabalhavam embaixo de um sol escaldante, os donos das lojas de couro ao redor entretiam os turistas, oferecendo chá e vendendo seus artigos com altos preços em euro. Com certeza, estes trabalhadores não recebem nem 1/3 do que ganham os donos das lojas de couro e ainda servem de vitrine para expor a maneira como o couro é tirado. Tem algo muito errado nessa história toda. Acho que vale pensar duas vezes antes de comprar um artigo de couro de animal para alimentar essa indústria.

Conhecemos a Mesquita de Karaouine, fundada no ano de 859, e também a universidade de mesmo nome, segundo o guia, a mais antiga do mundo. O passeio foi pelo lado de fora, olhando pelas grandes portas que ficam abertas em alguns horários determinados, já que a entrada é vetada para não-mulçumanos. Terminamos o dia com um passeio muito agradável pelo jardim Jnan Sbil, aberto pela princesa Lalla Hasnae no ano passado após vários anos de restauração. Um lugar para relaxar e muito gostoso para acompanhar o pôr do sol.

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