Logo que cruzamos a fronteira e começamos a percorrer as estradas na Tanzânia, já era possível notar diferenças entre os outros países que passamos na África. Fomos até a cidade de Arusha, caminho para chegar na região do Serengeti e visitar a cratera de Ngorongoro.
Os sinais de pobreza são latentes, com casas feitas de barro, muita gente nas ruas, energia e água só nos centros das cidades. Me chamou a atenção a polícia bastante ativa nas ruas e estradas. Nosso jipe foi parado 3 vezes para fiscalização de documentos. No entanto, segundo nosso motorista, esse excesso de fiscalização tem suas segundas intenções. Pegamos uma balsa em Dar e Salaan e um colega de nosso grupo foi parado pela polícia por ter tirado uma foto na balsa, que tinha placas de proibido tirar fotos. Ele teve que deletar a foto e pagar uma “multa” de U$30,00. Claro que não emitiram nenhum recibo.
Pelo caminho vimos muitas pessoas da tribo maasai, uma das tribos mais conhecidas internacionalmente, justamente por preservar suas tradições culturais. Sua cor oficial é o vermelho, sendo que vestem sempre algo dessa cor, mesmo que apenas um detalhe da vestimenta. Vivem em uma sociedade patriarcal, sendo que os mais velhos decidem sobre a maioria das questões para cada grupo maasai.
A classe social dos maasai é determinada pelo número de vacas pertencentes às suas famílias. São nômades, mas atualmente vivem entre o Quênia e a Tanzânia. Suas casas temporárias são construídas com esterco de vaca e barro, em formato de um círculo, para a noite proteger suas vacas dos predadores. Os jovens Maasai são iniciados na maioridade por meio do ritual da circuncisão. Nas meninas é feita a clitoridectomia (remoção do clitóris) durante a puberdade. As mulheres mais velhas operam as garotas. No entanto essa prática vem diminuindo drasticamente devido a pressão do governo e ONGs locais.
Os casamentos são planejados, marcados por um homem que desenha um X vermelho na barriga de uma mulher grávida solteira. Se ela recusar, é rejeitada por sua família. As mulheres podem se casar uma única vez na vida, enquanto que os homens podem ter mais de uma esposa. Mas isso, se tiverem vacas suficientes para o dote, cuja a média, segundo nosso guia, seriam 300 vacas.
Os maasai permaneceram muitos anos isolados em suas tribos, vivendo a base de agricultura. Mas o governo, na década de 70, acabou proibindo o cultivo em algumas áreas de conservação, fazendo com que os maasai tivessem que se adaptar ao sistema monetário da Tanzânia. Sentimos uma certa “proteção” dos guias locais para evitar contato dos turistas com os maasais. Mesmo assim, cruzamos com muitos maasais vendendo insistentemente colares, pulseiras e outros objetos, ou pedindo dinheiro em troca de fotos.
Ao chegarmos na cratera de Ngorongoro, fomos surpreendidos com uma paisagem exótica e fascinante. É uma das maiores atrações da Tanzânia, também considerada a Arca de Noé da África Oriental, por abrigar quase totalidade das espécies animais da região, integrados num ecossistema que ainda não foi afetado pelo homem.
A paisagem é incrível por si só, e ainda de quebra, repleta de animais fascinantes. A região era um vulcão há milhões de anos atrás, que se solidificou e virou uma imensa cratera; um perfeito habitat para diferentes espécies.
"Fraturas circulares desenvolveram-se e o cone entrou em colapso formando a cratera. Diminutas atividades vulcânicas continuaram com a lava encontrando rupturas no fundo e nas bordas da montanha, criando os pequenos montes visíveis no interior da cratera".- Lonely Planet East Africa
Ficamos em um camping próximo e logo pela manhã fizemos um safari dentro da cratera. Estávamos em busca de um dos vinte rinocerontes-negros que, segundo os guias, habitam na cratera; uma espécie que está quase em extinção por causa do comércio de seu chifre, vendido ilegalmente, principalmente para os países Asiáticos. Mas não conseguimos avistá-los de perto; encontramos um, mas estava longe, sendo possível observá-lo somente de binóculos.
Em compensação, ficamos lado a lado com um elefante que caminhava tranquilamente pela estrada. Por alguns segundos tivemos que ficar imóveis para não chamar a atenção do elefante, de tão perto que estávamos desse animal tão espetacular. Fizemos uma pausa em um lago repleto de hipopótamos e aproveitamos para admirar a paisagem de fora do jipe por alguns minutos.
No nosso trajeto, também encontramos leões com sua presa (um wildbeast), zebras, búfalos, gazelas, gnus, hienas e muitas aves, incluindo avestruzes, garças e incontáveis flamingos.
Na hora de almoçar todo cuidado é pouco. Tivemos que comer nosso lanche dentro do carro, porque na primeira tentativa de sentar embaixo da sombra de uma grande árvore, nossa amiga foi surpreendida com uma águia que rapidamente roubou a coxa de frango da mão dela! Foi tão rápido que todo mundo levou um susto e foi correndo para o carro.
No caminho de volta, no sentido da cidade de Marangu, passamos por outro destino fascinante: o Monte Kilimanjaro. Com uma altitude de 5.895m, é o ponto mais alto da África. O tempo ensolarado favoreceu a vista deste antigo vulcão, com o topo coberto de neve, no meio de uma planície de savana (apesar do degelo que vem ocorrendo nos ultimos anos, segundo relatório da Unesco, em função do aquecimento global). Muita gente faz o passeio para escalar o Kilimanjaro, e dizem que a vista é incrível lá de cima. Nós optamos pelos safaris e observamos o monte de longe, enquanto passávamos na estrada.
Seja pelo seu povo tão rico culturalmente ou pelas paisagens exóticas repletas de animais fascinantes, a Tanzânia é um destino imperdível para quem procura uma autêntica experiência africana.
Referências:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ngorongoro
http://pt.wikipedia.org/wiki/Kilimanjaro
http://pt.wikipedia.org/wiki/Masai
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