Não é à toa que muitos brasileiros atravessam o oceano para vir estudar na Austrália e depois acabam não voltando mais para o Brasil. E a principal razão para isso se resume em poucas palavras: qualidade de vida.
Claro que cada país tem suas virtudes e seus problemas, mas o estilo de vida na Austrália é invejável, comparado a outras partes do mundo. Segundo a revista “The Economist”, Melbourne foi eleita a melhor cidade do mundo para se viver, pelo quinto ano consecutivo. E outras cidades, como Adelaide, Perth e Sydney também fazem parte do “top dez” desta lista. Ou seja, dos dez melhores lugares do mundo para se viver, quatro estão na Austrália.
O clima tropical, muito semelhante ao do Brasil, ajuda muito, principalmente comparado com algumas cidades da Europa ou do Canadá, que também possuem uma excelente qualidade de vida.
Mas não é só isso que faz da Austrália um lugar que atrai tanta gente de diversas partes do mundo. Em geral, todas as cidades oferecem uma excelente infraestrutura de lazer, cultura e entretenimento. A maioria dos Museus e Galerias são gratuitas e com wifi em todas as áreas. Você paga somente para exposições temporárias específicas. As Bibliotecas públicas que visitamos eram lindas; lugar perfeito para estudar, ler um livro, utilizar os computadores disponíveis etc. Na Biblioteca de Melbourne, vimos até uma exposição super legal sobre a história da cidade.
São diversos os parques nacionais espalhados pelo país. Geralmente, são situados em lugares espetaculares e oferecem várias opções de trilhas para explorar o local. Tudo sinalizado perfeitamente com a distância a percorrer e o tempo aproximado. Banheiros públicos não faltam, e são bem limpinhos.
Os parques dentro das grandes cidades também não decepcionam. Fomos ao Jardim Botânico de Melbourne e Sydney, que são lugares deliciosos para fazer uma caminhada, passear, relaxar ou fazer um belo piquenique, além de serem bem conservados e impecavelmente limpos.
Como o mar da Austrália é conhecido pela sua quantidade de tubarões, há um cuidado muito grande em sinalizar os locais seguros para nadar, e algumas praias possuem redes de proteção em áreas específicas. E, não para por ai. Já imaginou uma praia artificial no meio da cidade? E, ainda, com chuveiros, banheiros, inclusive adaptados para pessoas com deficiência, área especial para crianças, pequenas piscinas para molhar os pés, praça de alimentação com preços justos, jardim com bancos deliciosos para quem gosta de ler, ciclovia, parquinho, e até uma roda gigante. Assim é South Bank, em Brisbane.
Em Arlie Beach, encontramos uma lagoa artificial de frente para o mar, e com toda a estrutura necessária para a diversão da criançada. E, tenho certeza que há outros lugares parecidos espalhados pelo país, mas que não tivemos oportunidade de visitar.
Aqui é também conhecido como o paraíso dos surfistas que, além das ondas incríveis, podem facilmente surfar acompanhados de golfinhos. Quer coisa melhor? E a gente ainda teve a sorte de testemunhar isso. Em Gold Coast, no final de um dia ensolarado, com o mar cheio de surfistas, pudemos ver da praia os golfinhos pegando onda ao lado dos surfistas. Se foi incrível para gente, imagino para eles. Lá, as crianças começam desde pequenas, arriscando suas primeiras ondas em diferentes tamanhos de prancha. Não faltam escolas e clubes de surfe na região.
Quando falo em qualidade de vida também me refiro ao tipo de vida que as pessoas têm por aqui. A Austrália é um país em que a mão de obra é muito cara, justamente porque as pessoas ganham bem, independentemente da sua ocupação. Um faxineiro, um atendente de supermercado ou um garçom, tem condições financeiras para comer em um restaurante bacana, viajar com sua família para fora do país ou comprar algo mais especial. Resultado: um país que dá acesso para qualquer um batalhar e conquistar seus sonhos.
Diferente de outros países subdesenvolvidos, mesmo famílias com maior poder aquisitivo não possuem empregadas ou babás a todo momento, pois o valor/hora de profissionais como estes é bastante alto. Este tipo de serviço é valorizado, e não banalizado como, infelizmente, vemos em outros países.
Algo que me chamou a atenção desde o primeiro dia foi o horário de trabalho da maioria das pessoas por aqui. Para quem trabalha em escritórios, 18h00 é hora de chegar em casa. Mesmo nos centros financeiros das grandes cidades, este horário você não via mais ninguém nos escritórios. Em Gold Coast então, o término do expediente era entre 16h e 17h, quando as praias ficavam repletas de surfistas e praticantes de esportes aquáticos.
Proprietários de estabelecimentos comerciais também estabelecem horários mais enxutos, dependendo do tipo de serviço que oferecem.
Os cafés abrem cedo, mas, entre três e quatro da tarde já estão recolhendo suas cadeiras na maioria das cidades. Restaurantes que abrem para o jantar, fecham suas portas entre nove e dez da noite. Para quem está acostumado com São Paulo, em que tudo é 24 horas, pode achar isso ruim, mas, quer saber? Isso é ótimo, porque a população está acostumada com os horários e os funcionários de estabelecimentos como estes tem uma vida muito menos estressante e mais tempo para passar com a família.
O transporte público oferecido é alta qualidade, apesar de seus preços não serem tão baratos. Mas, em geral, isso não é problema para população que tem um bom salário. Nas cidades grandes que passamos, é possível economizar comprando os cartões locais de deslocamento.
Em Melbourne, passear pelo centro da cidade é gratuito nos transportes públicos. É possível até pegar um bondinho turístico gratuito que passa pelas principais avenidas, com informações sobre as atrações da cidade. Pegamos o bondinho para aprender sobre os lugares e depois resolvemos gastar a sola do sapato, andando pela cidade. E não tem forma melhor para vivenciar um pouco do cotidiano de quem mora aqui. Na região do centro da cidade, você encontra as áreas denominadas como “free tram zone”, onde pode pegar o ônibus ou tram gratuitos, tudo bem sinalizado.
A preocupação com o meio ambiente também é bastante presente, principalmente no que diz respeito aos efeitos das mudanças climáticas. Além de ser uma ilha, que está ameaçada pelo aumento do nível do mar, a localização geográfica do país faz com que o sol da Austrália possa ter efeitos cancerígenos preocupantes, por causa do buraco na camada de ozônio. O governo trabalha com diversos incentivos visando lidar com esses problemas, como, por exemplo, a isenção de impostos para indústria de protetor solar ou o apoio a iniciativas de baixo carbono.
Claro nem tudo é tão simples quanto parece. Além da principal fonte de energia do país ainda ser a base de carvão, Tony Abbott, ex-Primeiro Ministro da Austrália, já gerou muita polêmica com seu descaso em relação ao clima. Em 2009, disse que a ciência do clima era “lixo” e em 2014 vetou o imposto sobre carbono e aboliu a Comissão do Clima. No entanto, no dia 14 de setembro, acompanhamos pela TV a troca do Primeiro Ministro Australiano, e quem assumiu o cargo foi Malcolm Turnbull.
Malcom é conhecido por ter uma preocupação ambiental muito maior que Abbott, já tendo apoiado diversas medidas em relação às mudanças do clima. As cenas do próximo capítulo dessa novela ainda estão sendo escritas, mas mesmo com todas essas controversas, na minha opinião, a população aqui é muito mais consciente de seu papel em relação ao meio ambiente do que em outros países que visitamos.
E, além de todos estes atributos mencionados acima, a Austrália tem paisagens exuberantes, praias celestiais e uma rica biodiversidade. Sempre achei que aquelas placas “Cuidado, canguru na estrada” era algo mais turístico do que, de fato, verdadeiro. Mas, estava enganada. Você pode cruzar com cangurus, coalas, iguanas, lagartos e outros animais quando está dirigindo ou simplesmente caminhando por algumas regiões.
São diversos os lugares exuberantes por todo o país para quem mora aqui, e não faltam opções para um final de semana diferente e fora do cotidiano.
Claro que nem tudo são flores e, como qualquer outro país do mundo, a Austrália também tem seus problemas. No entanto, é muito bom conhecer um pouco do cotidiano e das iniciativas que garantem uma boa qualidade de vida de um país que sempre esteve no topo dos melhores lugares para se viver no mundo.
Referências:
http://www.telegraph.co.uk/finance/property/pictures/9477990/The-worlds-10-best-cities-to-live-in.html
http://planetasustentavel.abril.com.br/blog/blog-do-clima/2015/01/29/australia-sera-a-nacao-mais-atingida-pela-mudanca-do-clima/
http://www.theguardian.com/australia-news/2015/sep/14/malcolm-turnbull-to-challenge-tony-abbott-for-liberal-leadership
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