Conhecer a China nos surpreendeu de forma muito positiva. Não imaginávamos encontrar cidades tão bem organizado, tecnológicas e com um povo mais carismático do que pensávamos. Vou confessar que nós tínhamos alguns preconceitos em relação a China, formados por estereótipos que estamos acostumados a ver em relação ao povo chinês. Visitar o país e conhecer de perto a cultura chinesa mudou nossa opinião sobre vários aspectos.
Passamos pelas duas maiores metrópoles, Pequim e Shanghai, e também fomos às cidades de Guilin e Yangshuo, no interior do país, conhecidas pela fascinante beleza natural das suas montanhas. São lugares bastante populares para quem vem visitar a China, mas, mesmo assim, não deixaram de nos surpreender.
É verdade que a maioria das pessoas não fala inglês e, para se virar, pode ser um pouco complicado. Nos restaurantes, a maioria dos cardápios são repletos de fotografias de cada prato; basta apontar o dedo para escolher sua refeição. Só fica difícil se quiser mudar algum ingrediente do prato; tentei algumas vezes, mas não deu muito certo.
Para locomoção, nossa estratégia era sempre ter escrito em chinês o lugar que queríamos ir. Todas as pessoas que pedimos informações na rua foram muito simpáticas e, mesmo falando em chinês, davam um jeitinho de explicar. Alguns procuravam o lugar no aplicativo de GPS do telefone deles e nos mostravam o mapa com a direção.
Locomoção não foi um problema. O trem é a forma mais barata de chegar em qualquer cidade, mas, dependendo da distância, pode passar mais de 24 horas dentro do trem. Nas grandes cidades como Pequim e Shanghai, andar de metrô é muito fácil. Tudo é muito bem sinalizado e o metro leva aos principais pontos da cidade. Em cada estação há placas apontando a direção dos principais lugares da região.
Mesmo com mais de 1 bilhão de pessoas no país, as cidades grandes são mais organizadas do que eu pensava. Em Pequim, eles usam muitas passagens subterrâneas para pedestres atravessarem as grandes avenidas, o que faz o transito fluir muito melhor.
As atrações turísticas são sempre cheias de gente, mas não pegamos filas absurdas para comprar ingressos. Na maioria dos locais, há muitos guichês e os lugares são enormes, e mesmo tendo muita gente circulando, tem lugar para todo mundo. No entanto, nos feriados locais, é preciso se programar com antecedência, pois o povo chinês adora viajar e passear. Alguns lugares podem fechar as portas se chegarem na capacidade máxima de pessoas.
As ruas são limpas e há lixeiras com opção para recicláveis e funcionários públicos de limpeza passando com moto elétrica, recolhendo pequenos resíduos jogados no chão. O chinês tem o grosseiro hábito de cuspir em qualquer canto, mas, em Pequim, vimos várias pessoas sendo multadas por fazerem isso. Já em outras cidades, não é bem assim, mas achei que ia presenciar muito mais esse tipo de coisa do que, de fato, vi.
Logo que chegamos, no início de maio, o assunto “impacto ambiental” tomou conta dos noticiários do país. A China sempre foi criticada por ser o maior emissor de gases de efeito estufa do mundo. Setenta por cento da matriz energética do país é a base de carvão. Com a indústria pesada, a poluição está chegando a níveis absurdos. É muito comum ver as pessoas andando de máscaras pelas ruas.
Uma jornalista chinesa chamada Chai Jing lançou o documentário chamado “Under the Dome”, que revela os verdadeiros custos para sociedade devido à crise ambiental que a China enfrenta, expondo a falta de supervisão do governo. O governo ficou tão incomodado com tal documentário, que bloqueou o acesso ao vídeo na internet.
Contudo, o Governo Chinês também anunciou medidas drásticas para reduzir o consumo de carvão nos próximos 5 anos, que incluem fechar mais de 300 fábricas e 2.000 minas irregulares, além de impor limites para o uso de carvão. Os jornais falam em alto investimento em energias renováveis principalmente solar e eólica.
Eu tinha uma impressão de que a China não se importava com o impacto que causa no mundo, mas, para minha surpresa, encontrei várias iniciativas bacanas pelo país e também notei uma preocupação socioambiental que não esperava.
Nas estações de metrôs, vimos várias campanhas para acabar com o tráfico de marfim. Supermercados e lojas não oferecem gratuitamente sacolas plásticas e há projetos para reduzir o uso do carro. Além disso, as cidades possuem boa estrutura de ciclovias e muita gente utiliza a bicicleta como meio de locomoção, competindo com a moto elétrica, que é utilizada pela grande maioria da população.
Claro que o desafio é imenso, ainda mais em um país tão populoso, mas é muito bom ver que algumas medidas vêm sendo tomadas e que o governo está tentando fazer algo para mudar.
Acho que esperávamos encontrar um país mais bagunçado e, no final, vimos mais pontos positivos e iniciativas bacanas que problemas e descaso. Não duvido que daqui alguns anos a China comece a atrair muito mais turistas do que outros países da Ásia.
Referências:
http://thediplomat.com/2015/03/why-china-cant-fix-its-environment/
http://www.japantimes.co.jp/news/2015/03/08/asia-pacific/science-health-asia-pacific/environmental-issues-top-major-legislative-meeting-in-china/#.VVyiimdFC2J
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