Histórias pelo Mundo

Um ano depois...

E lá se foi 1 ano que voltei para o Brasil depois de ter vivido a experiência mais incrível e maluca da minha vida. Nestas horas tenho a sensação de que o tempo voa, mas para mim o que voa é a velocidade dos nossos pensamentos quando a gente se dá conta de tudo o que aconteceu em determinado período.

Muita gente me pergunta “Como foi essa experiência de viajar pelo mundo? Você deve ter virado outra pessoa.” E a resposta é sempre cheia de adjetivos como incrível, sensacional, maravilhoso, mas também, difícil. Viajar por tanto tempo é ter uma vida sem rotina e com surpresas a cada dia. É intenso e às vezes desgastante. É como se eu tivesse uma biblioteca de histórias em minha cabeça, das quais eu mesma não tenho dimensão do tamanho. Quando alguém cita determinado país ou faz uma pergunta, eu vou acessar os meus arquivos mentais para relembrar do que aconteceu lá. E assim surgem as imagens, os nomes, os detalhes e as lembranças daquela história e daquela situação. Poderia ficar horas e horas acessando os arquivos da minha biblioteca mental de histórias.

Mas o que pouca gente fala é da parte difícil, quando se tem que recomeçar. Cheguei no Brasil na pior hora possível, crise econômica e caos na política. Era uma sensação de que eu estava dentro de um filme e voltei para vida real. Imagina o Neil descobrindo que a Matrix era só um sonho ou Peter Pan voltando definitivamente da Terra do Nunca. Um momento fácil de se perder e mergulhar em dúvidas, garanto que mesmo sem ter viajado pelo mundo muita gente já passou por isso. Mas é também uma fase de mudança e redescoberta e foi nesse momento que eu descobri o quanto o mundo tem a nos ensinar. Somos apenas 7 bilhões de pessoas em um universo com 100 trilhões de galáxias, segundo estudo da Astrophysical Journal. O principal problema é que a gente acha que o “meu” é sempre o mais importante do que o “seu”. Viajar assim fez-me desprender do meu e entender um pouco mais o outro. Descobri um novo sentido para a palavra “nosso”.

Uma vez me perguntaram quais seriam as características comuns que eu destacaria entre todos os povos que conheci. Independente de religião, raça, idade, local. Algo como o que de fato nos une quando falamos em humanidade. Achei interessante resgatar essa pergunta no momento que eu comecei a questionar o sentido do “nosso”.

A primeira característica é a Fé. Conhecemos budistas, hinduístas, mulçumanos, islamistas, católicos, evangelícos, ou seja, praticantes das mais diferentes religiões. Em todas elas o que predomina é a fé. Isso é tão forte que algumas cidades criaram templos dedicados a todas as religões, são ambientes sagrados de adoração a Deus, qualquer que seja Ele. Em Nova Deli, na Índia, conhecemos o Templo no formato de uma flor de lótus, que tem exatamente esse objetivo. Na Tailândia, em Chiang Rai, o chamado Templo Branco desperta interesse justante pela sua diversidade. Eu acredito que a fé tem o poder de nos unir como humanos, na crença de algo além deste plano e, principalmente, na esperança de um mundo melhor, independente de religião.

A segunda característica é a solidariedade. Mesmo em meio a escassez de recursos, as pessoas se ajudam, seja para carregar um balde de água ou para dar alimento ao seu vizinho. Nos países mais pobres percebi um senso de comunidade que me surpreendeu; as pessoas que tem situações semelhantes de carência acabam se reunindo na forma de uma comunidade, para ter acesso aos rescursos básicos. O ser humano é egoísta para muitas coisas, mas numa situação de emergência ele se sensibiliza e se mobiliza para ajudar aquele que mais precisa.

E, por fim, a terceira carcaterística é a esperança no amanhã. Mesmo com todas as catástrofes e desatres que tem ocorrido em nosso Planeta, e olha que não são poucas, as pessoas em geral têm esperança em um futuro melhor, por mais difícil que isso possa parecer. Sair do Nepal dois dias antes do terremoto em 2015 que destruiu o país e depois ouvir histórias de reconstrução e mobilização social em prol de uma vida digna, ou chegar em Samoa no dia o jornal estampava a manchete “Ciclone a caminho” e ver a população se mobilizando para superar mais esse desafio, são apenas exemplos do que quero dizer quando menciono essa carcaterística. A esperança é a chama que precisamos manter acesa porque seu poder é necessário para enfrentarmos as mudanças que estão por vir. Se esta chama um dia se apagar, será o fim de tudo.

Hoje tenho clara a minha missão e apesar de 2016 ter sido um verdadeiro liquidificador de emoções na minha vida, o mundo me ensinou que não adianta reclamar dos problemas ao nosso redor e ficar no sofá assistindo as notícias do dia a dia sem fazer nada. É fácil ser pessimista e dizer que o mundo vai acabar um dia, o difícil é ser otimista e lutar para mudar as coisas que nos incomodam.

Meu papel é inspirar pessoas a descobrir o real sentido da palavra “nosso”, foi assim que criei o Histórias que inspiram e tenho dado palestras falando sobre algo fundamental para que as coisas comecem a mudar ao seu redor: engajamento. Quando maior o número de pessoas mobilizadas por uma ideia que acreditam e valorizam, maior o potencial de mudança e transformação. Precisamos de bons exemplos a serem seguidos, precisamos de líderes que saibam ouvir, precisamos de pessoas otimistas que queiram fazer acontecer. E se você é uma delas, dá uma passadinha no meu site pessoal www.giulianapreziosi.com.br

Quem sabe podemos unir forças e engajar mais pessoas para esse time!

Por Giuliana Preziosi especial para Histórias pelo Mundo

Mais em www.giulianapreziosi.com.br

Na selva com os Gorilas africanos

Os gorilas das florestas da África central são uma das espécies mais ameaçadas do Planeta. Atualmente cerca de 600  vivem nas florestas dos vulcões de Virunga, na fronteira de Uganda, Congo e Ruanda, e na floresta de Bwindi, no Sul de Uganda.

É possível encontrar dois tipos de gorilas na África. Os gorilas-das-planícies são os que vivem no Parque Kahuzi-Biega, na República Democrática do Congo, e os gorilas-das-montanhas, que ficam Floresta de Bwindi e no Parque Virunga.

Infelizmente, eles estão ameaçados por culpa da ação humana. Segundo artigo da revista Veja em 2012, os caçadores os perseguem implacavelmente, seja para transformá-los em alimento para a população carente que vive nas proximidades, seja para se apossar dos filhotes, cujo preço no mercado negro alcança 40 000 dólares. Além disso, as madeireiras, mineradoras e carvoarias, assim como as estradas necessárias para escoar sua produção, avançam pelo habitat dos gorilas, reduzindo-o. O mesmo ocorre com a ocupação humana.

A boa notícia é que nos últimos anos a população de gorilas aumentou, em consequência do desenvolvimento e aumento do turismo nas áreas protegidas. A aventura na trilha para encontrar os gorilas é cara, custa 500 dólares por pessoa. O dinheiro é usado para preservação da floresta, da espécie e também para projetos sociais com a comunidade local. Tudo é muito bem organizado, mas a trilha é bastante imprevisível.

Viajamos até o sul da Uganda, na Floresta de Bwindi, conhecida como Bwindi Impenetrable National Park,  para fazer a trilha dos gorilas. É preciso ter uma permissão especial do governo para acessar o parque e fazer a trilha. Chegando lá, fomos alertados sobre alguns pontos relevantes. A trilha pode levar de 1 à 9 horas para encontrar os gorilas, uma vez que eles se movem rápido e estão espalhados pela floresta. Não é permitida a entrada de pessoas com algum tipo de doença porque pode contaminar os gorilas. É preciso estar preparado fisicamente, pois são gorilas-da-montanha, isso significa que a trilha é repleta de subidas e descidas íngremes. 

Como não se sabe quanto tempo pode levar a aventura, é aconselhável levar no mínimo 3 litros de água por pessoa e também um lanche e alimentos leves. Além de capa de chuva, repelente e, claro, a máquina fotográfica. Só que para carregar tudo isso em uma trilha que pode ser bastante longa, não seria nada fácil se não fosse uma ideia muito bacana para ajudar a comunidade local. Você pode contratar um carregador para levar sua mochila, por cerca de 15 ou 20 dólares. São moradores da região, que estão habituados a andar na selva e fazem disto sua fonte de renda. Dessa forma, a população da região se vê estimulada a preservar os gorilas, em vez de caçá-los para servirem de refeição. Tudo é organizado pelas autoridades locais.

Ainda, há casos de pessoas que não aguentam a trilha depois de muitas horas de percurso e contratam pessoas para literalmente carregá-las no colo. Já esse “serviço” pode custar cerca de 500 dólares.

A trilha começa às 7h da manhã, quando as pessoas são divididas em grupos de 8 a 10 pessoas. Cada grupo tem um ponto de início e faz um percurso diferente pela selva adentro. Todos os grupos têm o seu guia e mais 2 guardas florestais ou “rangers” (como eles chamam) para garantir a segurança do grupo pela floresta.

Além disso, há rastreadores (ou “trackers”) que vão na frente de cada grupo e que se comunicam por rádio para passarem as coordenadas de qual caminho percorrer na busca aos gorilas.

Nossa guia, Sarah, era uma mulher forte, mas de voz serena; falava baixo, mas passava muita segurança em seu conhecimento sobre os gorilas. Acompanhando ela, mais 2 rangers e os carregadores que nós e outras pessoas do grupo contrataram.

Depois de todo esse briefing com orientações, eu diria um pouco assustadoras, iniciamos nossa jornada pela selva. Logo de cara, uma super subida na montanha. Nessa hora fiquei muito feliz por ter contratado um carregador e por ter um stick (uma espécie de bastão específico para caminhadas e trilhas). Tenho que reconhecer que o Francis, nosso carregador, ajudou bastante com uma forcinha na escalada da montanha.

Quando estávamos na metade da montanha, recebemos a melhor notícia de todas: os gorilas estariam ali no topo da montanha. E não fazia nem 1 hora que estávamos na floresta! Só de ouvir isso meu corpo já estava abastecido de energia suficiente para chegar ao topo.

Quando há indícios que os gorilas estão próximos, é preciso deixar as mochilas, água e demais apetrechos com os carregadores e seguir o caminho carregando apenas a máquina fotográfica. Isso é para não chamar a atenção dos gorilas com comidas e coisas do tipo, pode não ser seguro.

Estava tão preocupada com o tempo que levaria para encontrá-los que nem acreditei que já estaríamos próximos dos animais. Andamos mais alguns metros e lá estava uma família inteira de gorilas em cima das árvores.

Embora alguns filmes e histórias em quadrinhos mostrem os gorilas como monstros ferozes, eles na verdade aceitam pacificamente a presença de humanos entre eles. Claro que há os que estejam mais habituados com a presença de humanos, e aqueles mais selvagens que normalmente ficam mais afastados pela floresta adentro.

O macho estava comendo frutinhas no topo da árvore, a fêmea descansando em um dos galhos, e um gorila bebê passeando de galho em galho. Outros membros da família também estavam em volta. Ficamos mais de 1 hora observando o comportamento deles, até sermos surpreendidos com uma fêmea grávida passando a menos de 5 metros de distância de nosso grupo. Ela parou e ficou sentada entre os arbustos descansando.  Um dos rangers começou a fazer barulhos para se comunicar com o gorila bebê que estava na árvore e a reciprocidade foi incrível. O pequeno gorila batia no seu peito e murmurava com o som característico da espécie. 

Nisso, o gorila macho grande e imponente (o “silver back”) desceu da árvore, como se quisesse nos cumprimentar e dizer “quem manda aqui sou eu!”.  Foi demais admirar esses animais, assim tão de perto.

Depois de 1h30 ali observando, seguimos na trilha de volta ao acampamento central. Tivemos muita sorte em tê-los encontrado tão rapidamente e fomos o primeiro grupo a retornar ao ponto de partida. Aproveitamos para comer nosso lanche e descansar.

Os outros grupos ainda estavam na selva; cada um teve uma experiência diferente, mas no final do dia todos conseguiram encontrar os gorilas e chegaram bem ao acampamento central.

Referências
http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/tema-livre/a-dura-luta-para-preservar-os-magnificos-gorilas-na-africa/

 

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Butão: Como medir a felicidade?

Claro que essa pergunta não saía da minha cabeça: como um conceito tão complexo pode ser medido e ainda servir de base para mensurar o desenvolvimento do país? Além disso, o que é felicidade para mim pode ser diferente do que é felicidade para você.

A cratera de Ngorongoro e as peculiaridades da Tanzânia e seu povo

Logo que cruzamos a fronteira e começamos a percorrer as estradas na Tanzânia, já era possível notar diferenças entre os outros países que passamos na África. Fomos até a cidade de Arusha, caminho para chegar na região do Serengeti e visitar a cratera de Ngorongoro.

Perdidos em Vanuatu

Vanuatu, onde fica mesmo? Talvez esta seja a primeira pergunta que passou pela sua cabeça. Vanuatu é um país da região chamada Melanésia, no oceano Pacífico.  Ocupa um arquipélago de 83 ilhas conhecidas como Novas Hébridas. Tem fronteiras marítimas com as Ilhas Salomão, Nova Caledónia e Ilhas Fiji. Fica à 2.500Km ao noroeste de Sydney, na Austrália.

Entrevista Online PARTE II

Convidamos as pessoas que acompanharam nossa página durante a viagem para nos fazerem perguntas. Muita gente colaborou e mandou suas curiosidades. Dividimos as perguntas em 8 tópicos: Roteiro, Planejamento Financeiro, Países, Cultura, Situações, Comida, Mala e a Volta.

Como era bastante coisa para contar e também não queremos deixar nenhuma pergunta sem resposta dividimos a entrevistas em duas partes. Este artigo traz a segunda parte dos tópicos selecionados (Situações, Comida, Mala e a Volta)

Se você ainda não leu a primeira parte da entrevista, não perca tempo e acesse o link abaixo:

Entrevista Online Parte 1

SITUAÇÕES

1. Qual a situação mais engraçada, ou exótica?

Estávamos em Rishikesh, na Índia, e fomos almoçar num simples restaurante local. Quando chegamos, o restaurante estava cheio e conseguimos pegar a última mesa disponível. Sentamos na mesa e, enquanto eu estava olhando o cardápio, o garçom veio e perguntou se a gente se importava em dividir a mesa com alguém. O Mau respondeu que não nos importávamos e, nisso, se aproximaram 3 pessoas falando em português. Eu, que estava olhando para o cardápio concentrada no que ia pedir, logo falei: “Ah, é brasileiro?” e o Mau respondeu: “Claro que é  brasileiro, é o Arnaldo Antunes!!!” Quando olhei e vi quem era, minha vergonha já estava na estratosfera. Fala sério, qual a probabilidade de aparecer o Arnaldo Antunes para dividir a mesa com você!!?? Na Índia, ainda?! Depois que a vergonha já tinha passado, aproveitamos o almoço, que foi excelente. Uma oportunidade incrível, considerando também que o Arnaldo foi extremamente simpático e muito gente boa. Ele estava de férias na Índia para buscar inspiração para compor novas músicas e textos, lancados ano passado. Genial!

2. Qual foi o maior “perrengue” ou ”aperto” que passaram e onde foi?

É díficil escolher um perrengue, porque em uma viagem como esta, você tem que estar disposto a enfrentar o que for preciso. O que acontece é que nem tudo sai como o programado e ai você tem que improvisar.

Foram várias situações pequenas, tais como: na China, o Mau engoliu uma espinha de peixe e fomos parar no hospital para tirar; chegamos em Samoa com a capa dos jornais dizendo que havia um ciclone à caminho; peguei bed bug em um ônibus no Laos e tive que mandar lavar minha mala inteira de roupas; pegamos um tuktuk na Índia que nos levou para uma favela e ao chegar lá ficamos tão assutados que resolvemos voltar para onde tínhamos saído; no Laos, estávamos andando de caiaque, quando sem querer acabamos virando o barco na correnteza, batemos em uma árvore, de onde cairam várias aranhas em cima da gente. Enfim, tem várias! Vou contar com detalhes um dos perrengues que nos assustou um pouco.

Em Marrakesh (Marrocos), estávamos em uma agência fechando os passeios para o deserto e na conversa com o dono, o Mau demosntrou interesse em conhecer os cortiços que eram ali perto, porém dentro da medina, que é um labirinto. O dono da agência chamou dois meninos para mostrar o caminho, e falou para o Mau apenas dar uma gorjeta no final. Os meninos levaram o Mau para o cortiço, que estava fechado e sem nínguem trabalhando e, então, resolveram voltar. O Mau deu a gorjeta para eles e estava voltando para nosso albergue quando os meninos começaram a segui-lo, dizendo que queriam mais dinheiro. Eles falavam que o Mau tinha que pagar em dobro porque eram dois meninos e ainda falaram um valor bem alto a ser pago. O Mau falava que não ia pagar e os meninos continuaram seguindo pelas ruas estreitas da Medina. Nisto, o sol estava se pondo e começou a ficar escuro. Chegando no albergue, eles começaram a discutir. O Mau deu mais um pouco de dinheiro para ver se eles iam embora e nada. Eu sai na rua para ver o que estava acontecendo e disse que ia chamar a polícia; a vizinha ao lado escutou tudo e também saiu falando algo no idioma local. A discussão ainda continuou por alguns minutos, e eu já estava pegando o telefone para ligar para polícia. Foi quando os meninos ficaram assustados e resolveram ir embora.

Ficamos tensos nos dias seguintes, pois os meninos sabiam onde estávamos, mas, por sorte, nada aconteceu.

3. O que deu errado nessa experiência?

Tivemos muita sorte em toda a viagem e não podemos reclamar muito. As coisas fluiram de uma forma em que tudo foi se encaixando e dando certo. Mas, no final da viagem, quando estávamos no México, clonaram nosso cartão pré-pago em dólares e ficamos sem ter como usar os últimos créditos do cartão nos EUA, antes de voltar para o Brasil.

Sabemos até onde clonaram; foi na Thrifity, empresa de aluguel de carros, em Cancun. Nós conseguimos uma promoção pelo site do Expedia para alugar o carro por 1 dólar por dia. Quando chegamos para pegar o carro, o rapaz disse que na promoção não tinha o seguro incluido e que para o período de 5 dias sairia por US$ 400 dólares. Fala sério! Seria 5 dólares o alguel do carro e US$ 395 de seguro. Muito espertinhos. Falamos que não queríamos seguro e o homem olhou meio estranho e deu um carro molhado que era difícil de achar os riscos e arranhões. Peguei o celular e tirei fotos do carro inteirinho antes de retirar.

 Na hora de devolver, claro que o homem queria arrumar pelo em ovo e olhava quase que com lupa para tentar achar um risco. Logo mostrei que tinha fotos e depois de uma discussão com o gerente, ele falou: “Ok, só falta fazer o pagamento do aluguel do veículo” O valor era de 5 dólares mas eles não deixaram a gente pagar com dinheiro de jeito nenhum, dizendo que a política da empresa não aceitava dinheiro em espécie, só cartão. Foi assim que tivemos que pagar com cartão e eles clonaram. Neste dia, embarcamos para Cuba, e todos os gastos no nosso cartão foram feitos após essa data, nos EUA. Ainda estamos esperando o retorno da empresa do cartão para devolverem o dinheiro, pois essas coisas são sempre uma dor de cabeça!

4. Qual o momento mais difícil, tenso?

Fazer a trilha no Nepal, andando por 17 dias, o dia inteiro, foi uma das coisas mais difíceis que eu já fiz fisicamente em minha vida. Eu fiquei 6 e o Mau 4 dias sem tomar banho porque o frio era muito intenso e os chuveiros, na verdade, era apenas torneiras que ficavam para fora da casa, quase ao ar livre. Com frio de -5 graus não dava nem para tirar a roupa, muito menos ir num chuveiro ao ar livre. Em outros lugares da trilha, quando estava calor, mesmo sendo uma torneirinha, ainda dava para tomar banho, mas sempre com água gelada.

A comida era muito simples, porque a região que estávamos era muito afastada de qualquer estrada, rua ou rodovia que pudesse passar carro ou algum meio de transporte que não fosse uma mula. Cheguei a comer macarrão sem nada, pois o molho de tomate era sempre ketchup.

 A trilha era cansativa, passando por lugares com risco de desabamento e várias pontes suspensas. Quando estávamos a mais de 3.000 metros de altitute, dormimos 3 noites em uma casa feita de pedra (literalmente, feita pedra sobre pedra), cuja a temperatura dentro da casa durante a noite era de -3 graus. A rotina era acordar todos os dias às 5 da manhã e andar até pelo menos umas quatro da tarde, para chegar no destino antes do pôr do sol. A trilha era bonita mas, para mim, sinceramente, não valia todo esse sacrifício.

Outro momento tenso foi na Índia, quando pegamos um tuk tuk para ir em um lugar que aparecia no guia de turismo que estávamos consultando. Primeiro, foi díficil negociar com alguém que quissesse nos levar lá, pois o preço era sempre alto. Encontramos um rapaz que não falava muito bem inglês, devia ter uns 20 anos, e topou levar a gente lá.

Só que, no caminho, ele entrou num lugar que parecia ser uma grande favela, ruas estreitas, muita gente na rua e todos olhando para gente. A coisa começou a ficar preocupante quando o jovem motorista teve que pagar para um grupo de homens na rua deixarem ele entrar na viela que precisava. De repente, ele parou e fez gestos de que teríamos que ir a pé até o tal lugar. Nisso, alguns homens viram que erámos turistas e íamos descer ali, e começaram a brigar entre eles para ver quem ia chegar primeiro para vir falar com a gente. Quando vimos aquela confusão em que a gente era o alvo, dissémos para o nosso motorista que queríamos ir embora. Contudo, ele não entendia inglês e não compreendia porque a gente não descia do carro.

Enquanto isso, os homens continuavam brigando para se aproximar da gente. Bateu o desespero, a gente mostrou o dinheiro para o motorista e mandou ele sair de lá. Claro que tudo isso aconteceu ao mesmo tempo e numa fração de segundos, mas tínhamos certeza que se a gente descesse ali, coisa boa não ia ser!

5. Como faziam para lavar as roupas?

Essa é uma ótima pergunta. Criatividade não faltou para lavar nossas roupas. Tirando os países que era fácil encontrar uma lavanderia na rua ou que o albergue oferecia esse serviço com um custo razóavél, a solução número 1 era a pia, e a 2, a banheira.

Na pia era mais difícil, porque o espaço era muito pequeno, então usávamos somente para situações de emergência principalmente para roupas intímas e meias. Uma tática era também lavar no banho e depois usar a pia só para finalizar. Já quando o hotel tinha banheira, ai era festa! Dava para colocar as roupas de molho, sacudir bastante e usar sabão em pó.

Detalhe: como a gente comprava o sabão em pó, e na maioria das vezes eram sacos grandes, aprendemos a dividir em saquinhos pequenos para utilizá-los neste tipo de lavagem. Nossa mala sempre tinha um saquinho de sabão perdido. Pior que carregando aqueles saquinhos com pó branco, só faltava alguém achar que estávamos carregando drogas!

 Já na África, quando estávamos acampando, não tinha hotel, nem albergue, então o Mau desenvolveu um metódo muito eficiente de fazer sua lavadora de roupas manual descartável. É simples: você pega uma garrafa de 10 litros de água (o que a gente consumia bastante por lá) coloca suas roupas dentro, joga água quente e um pouco de água fria, sabão líquido (compramos na Europa um sabão líquido para lavar a roupa manualmente) e depois é só fazer um pouco de musculação com a garrafa. Ainda pode escolher quantos ciclos quiser, depende só da sua disposição. A gente ia trocando a água para tirar o sabão e depois abríamos a garrafa com um estilete para conseguir tirar as roupas com mais facilidade. Um útilmo enxague e pronto! Só colocar para secar.

6. Uma passagem emocionante da longa viagem de vcs

Muitas coisas nos emocionaram, mas algo que me fez refletir muito e mexeu demais comigo foi conhecer uma família super humilde na cidade de Bagan, em Mianmar, que nos convidou para conhecer sua casa e ainda ofereceu almoço, dando para gente a melhor comida que tinham. Conto essa história com detalhes no artigo:

Soy Lai e o craque de Mianmar

COMIDA

7. Qual a comida mais exótica que comeram? E a mais gostosa?

Acho que o mais exótico foi um escondidinho de Carne de Iaque (animal da região do Himalaia) no Butão, que, por sinal, estava delicioso. Quando estávamos na China, não arriscamos experimentar as esquisitices que eles vendem, como espetinho de escorpião, aranha, cobra, barata etc. Além de ser caro, é mais para turista comprar e tirar foto para dizer “eu comi”.

Na África do Sul, o Mau experimentou algumas carnes exóticas como zebra, crocodilo e avestruz, mas eu nunca fui fã do exótico. Sempre fui meio fresquinha para comer, e olha que viajar o mundo nem foi tão difícil quanto eu imaginava.

A China foi um lugar mais complicadinho para comer, porque eles não falam inglês. Lá os cardápios tem fotos, você aponta o que quer e pronto. Pode ser que a gente tenha comido algo exótico e a gente nem saiba!! A comida chinesa mistura o doce com o salgado, para quem gosta desse paladar, lá é o paraíso.

Tirando a comida italiana que eu amo e a grega que é muito saborosa, a comida que mais nos supreendeu foi a vietnamita. Achamos mais saborosa do que a comida tailandesa, que é bastante famosa, e super barata.

MALA

8. Como é a mala de uma mulher que vai passar um ano fora e precisa de roupas de verão e inverno?

Tentamos fazer um roteiro seguindo o sol, justamente para não ter que carregar muitas roupas de inverno. Acabamos pegando frio em poucos lugares, o que ajudou muito no peso da mala. Na Europa, fiquei 3 meses apenas com uma mala de mão. Como pegamos muitos voos baratos (low cost) em que você paga uma taxa extra para despachar bagagem, resolvemos viajar leve. Foi ótima a experiência!

Quando embarcamos para África, estava com minha mochila maior, que teve uma média de 18Kg durante toda a viagem. Pode parecer pouco, mas hoje eu penso que daria para ser bem menos do que isso. Quando eu tive a oportunidade, mandei coisas para o Brasil pelo correio e doei muitas roupas pelo caminho. Comprava uma coisa ou outra quando precisava de algo mais básico. 

Carregava as roupas que eu gostava e que me sentia bem e não tinha problemas em repetir a mesma roupa. Nem dava!! Sabe aqueles pensamentos de mulher: “vou sair sempre com a mesma roupa na foto”. Ah, desencana e sorri, que o lugar e a paisagem vai chamar mais atenção do que a sua roupa.

Sempre fui vaidosa e então levei algumas peças “coringa”, como uma saia longa para países mulçumanos, meia calça e segunda pele para os lugares de frio, vestidinhos leves para sair a noite e calçinhas sem costura porque eram facéis de lavar. Pegamos neve e frio abaixo de 0 somente nos EUA, no final da viagem, quando eu comprei um casaco mais pesado. De resto, foi bastante sol e protetor solar!

A VOLTA

9. Como é possível voltar à rotina depois desse turbilhão de experiências?

Acho que rotina é algo que estamos desacostumados. Mesmo voltando para o Brasil, não dá para dizer que entramos em uma rotina porque ainda precisamos defirnir os próximos caminhos para as nossas vidas. Acho que ainda estamos em um período de re-adaptação. Infelizmente, o Brasil só piorou durante o tempo que estávamos fora, e isso desanima qualquer um a voltar para o seu país. Nossa primeira compra de supermercado para abastecer a casa deu R$ 1.000! Fiquei horrorizada, e falei: “é melhor pensar em dólar, mas calma! Eu não tenho mais dólar!” Bateu aquela tristeza.

Por outro lado, é uma delícia estar perto da família, receber o carinho dos amigos, dormir na nossa cama, e ter o nosso cantinho de novo. O fato é que nós nunca mais seremos os mesmos depois de uma experiência como esta. Acredito que tudo que aprendemos e vivemos fazem com que a rotina que existia antes nunca mais seja a mesma, porque simplesmente nós também mudamos.

10. Tem ideia de quantas fotos vocês tem arquivadas?

Olha, o número é assutador, acho que vai levar meses para organizarmos essas fotos mas tenho certeza que tem muita coisa interessante nestes arquivos. Foram 175.000 fotos tiradas pelo Mau, com a camêra dele (a maioria inédita), mais 1.679 no Instagram que foram tiradas com o celular.

11. Tem o projeto de editar um livro?

Sim, tenho começado a pensar nisso, mas ainda quero pensar em uma abordagem diferenciada e o Mau precisa de tempo para trabalhar as fotos. Mas, com certeza, é um projeto futuro!

12. Qual a próxima aventura?

Ótima pergunta! Por enquanto, a próxima aventura é decidir o caminho que vamos seguir em nossas vidas. Buscar um trabalho que se encaixe com nossa visão de mundo, decidir um lugar para morar e pensar no que podemos fazer para ajudar as próximas gerações a fazer uma faxina nos problemas que estamos deixando nesse Planeta.

Entrevista Online PARTE I

Convidamos as pessoas que acompanharam nossa página durante a viagem para fazer perguntas para nós. Muita gente colaborou e mandou suas curiosidades. Dividimos as perguntas em 8 tópicos: Roteiro, Planejamento Financeiro, Países, Cultura, Situações, Comida, Mala e a Volta. 

Cuba, os dois lados de uma polêmica história

Em poucos minutos andando pela cidade velha em Havana, parecia que tínhamos voltado à década de 1950. Eram carros antigos para todos os lados e uma arquitetura tão peculiar que mistura o charme europeu com a bagunça de um cortiço. 

Cancun e sua guerra pelo turista

O mar azul paradisíaco e a larga estrutura hoteleira fizeram de Cancun uma das cidades mais visitadas do Caribe. Não é à toa que a cidade foi planejada especialmente para atrair o turismo.

Samoa, o cantinho gostoso do Pacífico

Chegamos em Samoa com um tempo muito feio, chuvoso e capas dos jornais da cidade trazendo o alerta de um ciclone que chegaria no dia seguinte. E, então, foram alguns minutos de tensão reparando na estrutura no nosso hotel e tentando analisar se era seguro passar a noite por lá. Isso porque não somos engenheiros ou arquitetos. Mas, quando saímos para ir ao mercado, as pessoas não pareciam estar muito preocupadas com o ciclone a caminho. Talvez esses avisos fossem comuns e só a gente que estava aflito.

O ciclone passou e foi como uma forte chuva com muito vento, classificado como categoria 1. No dia seguinte, nos deparamos com algumas das consequências da tempestade. Eram árvores caídas no meio da estrada e vilarejos alagados. Nada muito catastrófico, graças a Deus. E, enfatizo essas últimas palavras, pois o povo de Samoa é um dos mais religiosos que conhecemos. Nunca vi tantas igrejas por metro quadrado. A grande maioria da população é cristã, sendo mais de 500 igrejas no país, que abriga cerca de 190 mil pessoas. Samoa tem 362 vilarejos e cada um tem pelo menos 1 ou 2 igrejas, sendo que os maiores chegam a ter 4 ou 5.

O ciclone passou no sábado à noite e no domingo seguinte todos estavam na igreja, não importava os obstáculos no caminho. Vestidos tradicionalmente de branco, os samoanos agradeciam pela noite agitada e pelos poucos estragos trazidos pelo ciclone.

Para nós, que tínhamos acabado de chegar na cidade, foi uma baita recepção. Era hora de começar a explorar o país, mas absolutamente tudo fecha aos domingos, considerado como um dia de descanso e orações. Então, aproveitamos para descansar também e pesquisar um pouco mais sobre o país.

Samoa conta com duas ilhas maiores, Upolu e Savaai, e algumas ilhas menores. Sua capital é Apia e fica em Upolu. Relembrando um pouco da história do país, o arquipélago foi invadido por holandeses em 1722, sendo divido em dois países em 1899: Samoa Ocidental, entregue à Alemanha, e a parte oriental, aos Estados Unidos.

No início da Primeira Guerra Mundial, em 1914, a parte ocidental foi ocupada pela Nova Zelândia. O domínio da Nova Zelândia terminou em 1962, quando Samoa tornou-se o primeiro país polinésio no século 20 a restabelecer sua soberania. Em 1997, o arquipélago removeu o “Ocidental” de seu nome e passou a ser chamado apenas de Samoa. A parte “oriental” é chamada de Samoa Americana.

Atualmente, Samoa é um dos poucos países do mundo cuja população vivendo no exterior (principalmente, na Austrália e Nova Zelândia) é maior que a que vive no seu próprio país. Isso ocorre devido as melhores oportunidades de trabalho nesses países e sua proximidade. A economia do país se baseia no setor agrícola, que utiliza quase 2/3 da força de trabalho total e contribui com mais de 90% das exportações do país.

Os samoanos são muito simpáticos e hospitaleiros, e vivem de forma comunitária, participando das atividades coletivamente. É muito comum encontrar nos vilarejos vários “Samoan fales”, que são espaços abertos, sem paredes, usando cortinas feitas de folhas de palmeira de coco durante a noite ou mau tempo, ou seja, praticamente uma casa sem paredes. São utilizados para qualquer tipo de evento comunitário ou simplesmente para passar o dia na companhia de vizinhos, família ou amigos. Os vilarejos contam com chefes locais chamados de “matai”, uma igreja principal, e o “Fale Fono”, onde os “matai´s” discutem os problemas da vila.

Além da agricultura, o turismo vem crescendo muito na região e gera uma contribuição de 25% para o PIB do país. Não é para menos, as praias são incríveis e para quem gosta de visitar países não tão cheios de turistas como Fiji, e ainda gosta de vivenciar mais de perto a cultura local, Samoa é um ótimo destino.

Impossível não vir para cá sem experimentar uma noite nos chamados “beach fales”, que são rústicos bangalôs que ficam na beira da praia, feitos com paredes de folhas de palmeira de coco. Aqui, você dorme com o barulho do mar e acorda colocando os pés na água. Claro que é possível encontrar versões mais sofisticadas dos beach fales, mas o legal é conhecer o tradicional, por pelo menos uma noite.

Para se locomover entre e dentro das principais ilhas, muita gente aluga carro, mas os aventureiros podem experimentar os divertidos ônibus coloridos. Com música alta rolando, estes ônibus circulam por toda a ilha e são daquele tipo que sempre cabe mais um. Vale até sentar no colo de alguém.

É fácil dirigir pelas ilhas, mas Samoa é um lugar para curtir as praias e relaxar, interagindo com o povo e aprendendo sobre os costumes locais. Abaixo, seguem algumas dicas sobre o que visitamos por lá.

Em Upolu, as principais atrações são:

  • To Sua, a piscina natural - Um grande buraco há poucos metros do mar. Para os aventureiros, na maré baixa é possível atravessar uma caverna de dentro da piscina e sair no mar. Haja fôlego! Mas só nadar na piscina já está de bom tamanho e o lugar é bem gostoso para passar o dia e relaxar.
  • Cachoeiras pelo caminho - Não precisa nem procurar muito, dirigindo pela ilha vai passar por diversas cachoeiras. Destacam-se a Papapapai-Tai Falls, Togitogiga Falls e Sopoaga Falls. Todas são lugares agradáveis para relaxar e fazer um bom pique nique.
  • Cultura em Apia - O centro de informações para turistas em Apia oferece 3 vezes por semana um show muito legal com músicas, danças e até um pouco da culinária local. Vale a pena e é gratuito!
  • Dia de praia – para curtir a praia, nosso lugar favorito foi Lalomanu, no distrito de Aleipata. Há opções legais de “beach fales” por lá também.

Há uma balsa que liga as duas ilhas, sendo que o percurso dura cerca de 1 hora. É preciso comprar o ticket com antecedência se for atravessar de carro. Na ilha de Savaii, destacam-se:

  • Volta na ilha – Dura aproximadamente 5 horas de carro. É um passeio legal para curtir a paisagem e passar pelos vilarejos locais. Vale guardar um dia inteiro para fazer isso e ter mais tempo para parar nos lugares. Alguns vilarejos cobram uma pequena taxa dos visitantes.
  • “Blow Holes”, na vila de Taga - A força da água do mar é tão grande que formou buracos entre as rochas que, com a maré alta, se tornam jatos possantes de água. Foi impressionante observar a altura que a água chega. A força é quase que como de um vulcão explodindo água ao invés de lava. É perigoso chegar muito perto e, mesmo de longe, não tem como não ficar um pouquinho molhado.
  • Cachoeira AfuAau (Olemoe Falls) – É a cachoeira mais bonita que encontramos, uma delícia para nadar.
  • Campos de lava – É possível visitar alguns campos dominados pela lava do vulcão Mount Matavanu, de explosões ocorridas entre 1905 e 1911. Há crateras formadas pelas erupções para explorar.
  • Manase – Uma região com várias opções de hotéis e “beach fales”, além de praias lindas, onde num simples mergulho pode cruzar com diversas tartarugas. Vimos três delas quando estávamos fazendo snorkeling bem perto da praia.

Para quem está visitando o Oceano Pacífico, vindo da Austrália ou da Nova Zelândia, Samoa é a ilha mais distante, o que requer uma longa viagem e as vezes voos mais caros. Mas, também, é o cantinho do Oceano Pacífico mais gostoso que achamos. Aquele lugar que não é o mais badalado ou mais cheio de atrações, mas pode ser descrito como aconchegante. Explico o porquê: comparado às outras ilhas do Pacífico, Samoa tem praias tão incríveis como Fiji, só que menos exploradas pelo turismo. Tem um povo hospitaleiro e autentico, uma comida saborosa, uma boa estrutura de hotéis e está se desenvolvendo rápido para atrair cada vez mais gente. Sabe aquela imagem de uma praia azul turquesa, areia branca e uma rede? É um pouco a cara de Samoa, um lugar para relaxar e curtir a paisagem de forma simples e despretensiosa.

Referências:
https://en.wikipedia.org/wiki/Religion_in_Samoa
http://pessoas.hsw.uol.com.br/informacoes-samoa.htm
http://country-facts.com/pt/country/australia-and-oceania/274-samoa/4229-samoa-culture.html

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As badaladas ilhas de Fiji

Mais do que o azul turquesa do mar e as praias paradisíacas, é impossível ir para Fiji e não se encantar com a hospitalidade das pessoas em todos os lugares. Assim que desembarca no aeroporto, a música começa. Um grupo de rapazes ao som do violão cantam a chamada “Bula Song” (Canção de Boas Vindas) para todos que chegam no país.

O pescador de Tulagi nas Ilhas Salomão

Nick Holmes tem apenas 23 anos, solteiro, nasceu em Honiara, mas quando criança foi para a pequena ilha de Tulagi, onde mora desde então. Como todo pescador, Nick é o homem das histórias.

As aventuras e os mistérios das Ilhas Salomão

Resolvemos ir para as Ilhas Salomão simplesmente porque nunca tínhamos ouvimos falar de ninguém que tinha ido para lá. Só isso já despertou nosso sentimento de aventura. Mesmo em países próximos, como Austrália e Nova Zelândia, quando perguntávamos se alguém conhecia o país, a resposta era sempre negativa. Mas porque será que ninguém vai passar férias nas Ilhas Salomão?

Nova Zelândia: um guia completo de dicas sobre o que fizemos no país

Sabe aqueles lugares que você não consegue guardar a máquina fotográfica porque a qualquer momento você pode ver algo diferente e fascinante? A Nova Zelândia é assim. Só de dirigir entre uma cidade e outra, você encontra lugares de tirar o fôlego.

A natureza que assusta e encanta na Nova Zelândia

Em um país com cerca de 5 milhões de habitantes e mais de 40 vulcões e caldeiras, a Nova Zelândia é um dos lugares mais surpreendentes que passamos.  A natureza aqui é a casa do anjo e do diabo, que convivem juntos em um lugar que consegue transmitir paz e tranquilidade, como em uma lagoa azul de águas escaldantes.

Por que tanta gente vai morar na Austrália?

Não é à toa que muitos brasileiros atravessam o oceano para vir estudar na Austrália e depois acabam não voltando mais para o Brasil. E a principal razão para isso se resume em poucas palavras: qualidade de vida.

Green School, educação por um mundo melhor

Uma escola sem paredes, mesas redondas, lousas de bamboo, salas de aula ao ar livre, piscina de lama, horta, sistema de compostagem, energia solar, e até um vortex para gerar energia.

Singapura, 50 anos de independência

Quando marcamos nossas passagens para Singapura não sabíamos da grande festa que nos esperava por lá. A princípio, eram apenas quatro dias, mas quando descobrimos que teríamos a oportunidade de estar em Singapura no aniversário de 50 anos de sua independência da Malásia, valeu a pena alterar o voo e estender nossa estadia.

Laos, norte ao sul: montanhas, chuva e novas amizades

Para quem viaja pelo sudeste asiático, visitar o Laos é um descanso dos templos, pagodas, castelos e outros monumentos comuns nos países vizinhos. Claro que é possível encontrar essas coisas no Laos, mas as principais atrações que encantam as pessoas que visitam o país estão ligadas à natureza.

Camboja: Dos templos de Angkor aos plânctons de Koh Rong

Quanto mais viajamos, mais difícil é encontrar algo verdadeiramente surpreendente. São tantos os lugares que já passamos e tantas as coisas que vimos, que não tem como nosso padrão não ficar mais elevado. 

Camboja: marcas do genocídio

Confesso que antes de visitar o Camboja, sabia pouco sobre a história do país, mas depois de conhecer de perto e ouvir as histórias sobre o genocídio que marcou a década de 70, fiquei pensando na população que vive hoje no país e suas condições de vida.

Mianmar, polêmico e encantador

Sob regime militar com um dos governos mais corruptos do mundo, Mianmar tem lugares incríveis para serem visitados, além de um povo simpático, para lá de hospitaleiro.

Mesmo sendo próximo a destinos bastante populares no sudeste da Ásia, como Tailândia, Laos e Camboja, Mianmar não é um país que muita gente costuma colocar em seu roteiro.

Até 1989, o país chamava-se Birmânia ou Burma (nome oficial), passando a ser chamado de Mianmar, com o objetivo de eliminar os vestígios do colonialismo europeu.  O país vive sob regime de ditadura militar há quatro décadas e por muito tempo ficou isolado dos demais países do sudeste asiático, abrindo suas portas para o turismo apenas em 2008.

Muita gente tem receio de ir para Mianmar, por conta das perseguições e repressões do governo, mas não tivemos nenhum problema quanto a isso. O que vimos foi uma população pobre e carente, enquanto o governo gasta dinheiro com templos luxuosos, estátuas e pagodas em ouro. Uma contradição que os brasileiros conhecem muito bem.

Há alguns anos, diziam que o país era inseguro, difícil de circular, não tinha como trocar dinheiro em caixas eletrônicos, a internet era bloqueada, entre outras coisas. Mas posso afirmar que muita coisa mudou. Afinal, o governo tem percebido que o turismo pode ser uma ótima forma de levantar recursos.

Na maioria das cidades que visitamos, você tem que pagar uma taxa de turismo assim que chega na rodoviária. E não importa se seu ônibus chega às 3:30 da manhã, sempre haverá alguém para cobrá-la. No começo, achamos muito estranho aparecer um homem e dizer que deveríamos pagar 20 dólares para circular na cidade. Depois, vimos que era algo comum com todos os estrangeiros.

Eles te dão um ticket que você pode usar por 5 dias na cidade e apresentá-lo para entrar nos pontos turísticos. As taxas variam de US$ 10 à 20 dólares por pessoa, dependendo da cidade. E eles ainda fazem uma cotação que vale mais a pena pagar em dólar do que na moeda local (Kyat). Além disso, em qualquer lugar do país, só são aceitas notas de dólares novas e em perfeito estado, não sendo aceitas notas com rasuras, rasgadas ou simplesmente velhas. Não me perguntem os porquês por trás de tudo isso. Deixo par cada um tirar suas conclusões.

No guia Lonely Planet sobre o Myanmar, tem uma tabela guia sobre o destino do dinheiro do turismo. O governo fica com porcentagens maiores de gastos em hotéis e pacotes mais luxuosos, além das taxas de visitação em cada cidade. Optamos por ficar em hotéis mais simples, ir em restaurantes locais administrados diretamente por famílias locais e utilizar guias locais, para tentar garantir que a maior parte do dinheiro não ficasse com o governo.

Outra coisa interessante é que o país tem mudado muito em pouco tempo. Li muitos artigos da internet com informações já desatualizadas.

E, por trás de tudo isso, o país esconde surpresas encantadoras. Além de lugares incríveis, o povo de Mianmar faz com que a viagem pelo país seja uma experiência única.  Em Mianmar, encontramos um lugar com uma cultura mais autêntica, uma “Ásia mais genuína” e com menos influências ocidentais.

Desde a forma de se vestir até os hábitos do dia a dia, são muitos os detalhes que podem ser observados. Homens e mulheres usam o chamado longyi, um tipo de saia longa tradicional daqui. Para os homens, geralmente encontrada em cores mais escuras e estampas mais sóbrias, e, para as mulheres, variam desde um simples tecido amarrado na cintura até modelos com detalhes floridos ou bordados. Para se proteger do sol, mulheres e crianças andam nas ruas com o rosto pintado de amarelo. Na verdade, é uma pasta branca a base de sândalo, chamada tanaka.

O povo de Mianmar é muito hospitaleiro e é comum cumprimentar as pessoas nas ruas e receber um grande sorriso. As crianças são muito simpáticas e curiosas, acenavam de longe quando nos viam. A maioria das pessoas não fala inglês, mas entende algumas palavras e sabem se comunicar. Não tivemos problemas quanto a isso.

Outro lado positivo foi o passeio nos mercados. Diferente dos outros países vizinhos, quando queriam vender alguma coisa, não havia insistência ou pressão para compra. Um simples “obrigado” era suficiente, e ainda era retribuído com um sorriso.

 As cidades turísticas mais populares e também com melhor estrutura para receber os estrangeiros são: Yangon, Bagan, Inle Lake e Mandalay.  Em outros locais, pode ser mais complicado o deslocamento e é preciso também tomar cuidado com áreas de restrição do governo. Ainda há locais com pequenos conflitos que não são seguros para estrangeiros.

Em Yangon, a Shwedagon Pagoda impressiona pelo seu brilho e riqueza de detalhes. São tantos Buddhas que eu até fiquei perdida. Cada imagem do Buddha tem um significado e está relacionado ao calendário birmanês. A Pagoda foi inicialmente construída no ano 600 AC e desde essa época até o século 14 foi mantida por 32 reis da Dinastia de Okkalapa. Acredita-se que seja a pagoda mais antiga do mundo. Depois de 1372, outros reis foram aumentando a altura do domo principal, que hoje tem 99 metros de altura, e construindo pequenos templos, ou shrines, ao redor.

Bagan, chamada antigamente de Pagan, foi capital de vários reinos em Mianmar. São mais de 2.000 templos ou pagodas, sendo que a maioria foi construída entre os séculos XI e XIII, durante o tempo em que Bagan era a capital do Primeiro Império birmanês. Durante esse período, a cidade também se tornou um centro cosmopolita de estudos budistas, atraindo monges e estudantes da Índia, Sri Lanka e Tailândia.

Como são muitos templos, a melhor coisa por lá é alugar uma bicicleta elétrica e se perder entre eles. É possível entrar na maioria dos templos, que têm estátuas do Buddha de diferentes tamanhos. Dá para sentir a sensação de ser um explorador de verdade. O lugar é exótico e incrível. Só fiquei triste ao descobrir que não pode ser considerado um patrimônio cultural da humanidade pela UNESCO, porque o governo utilizou técnicas de restauração não aprovadas, com materiais que não existiam na época de construção dos templos.

Inle Lake fica no distrito de Nyaung Shwe. Com diversos vilarejos construídos sob a água, é um excelente lugar para observar um modo de vida muito raro nos dias de hoje. O que chamou a nossa atenção foram os pescadores e seu jeito, ao mesmo tempo original e tradicional, de pescar. Parece um balé, se é que assim posso o descrever. O rio não é muito fundo, mas a água é coberta por juncos e plantas, por isso, para facilitar a visualização dos peixes e ter as mãos livres para jogar a rede, eles equilibram uma perna na popa do barco e a outra ao redor do remo. Com uma habilidade tremenda nos pés, fazem movimentos circulares para guiar o barco e encontrar os peixes. Haja equilíbrio. É muito legal de ser observado.

Nosso passeio de barco fez paradas em várias fábricas artesanais de tecidos, joias, artigos em madeira, entre outras, mas o mais interessante foi conhecer um autêntico mercado local e não aqueles mercados feitos mais para turistas, como vimos em outros lugares.

Em Mandalay, nossa última parada em Mianmar, ao invés de visitar mais templos, pagodas e monastérios, resolvemos simplesmente explorar cidade, conversar com as pessoas e observar o modo de vida local. O povo de Mianmar é muito simples, mas, muito acolhedor. 

A pobreza é visível na maioria dos lugares. O salário mínimo (recém estabelecido pelo governo) é de apenas US$ 3 por dia. Mas isso não inibe a simpatia desse povo curioso em conversar com os estrangeiros que visitam seu país.

Em novembro deste ano, haverá eleições no país e muitas pessoas estão confiantes de que uma mudança positiva poderá ocorrer, pois agências da ONU estão se programando para fiscalizar as eleições e garantir que ela seja conduzida de forma justa. Por outro lado, acompanhando as notícias locais, vimos que o governo vem aumentando as exigências para que os cidadãos possam ter direito ao voto durante as eleições, criando empecilhos para muitos não poderem votar.

É, infelizmente, sabemos que muitas coisas não são tão simples quanto parecem. Mas posso afirmar que mesmo com todas essas particularidades do governo, Mianmar é um país que merece ser visitado. Vale pela sua autenticidade e carinho de seu povo!

Algumas dicas:

Como conseguir o visto?

Fizemos pela internet e foi muito fácil. Basta preencher o formulário no site abaixo e pagar a taxa com o cartão de crédito. Em 2 dias recebemos a carta de confirmação a ser apresentada na entrada do país.

http://evisa.moip.gov.mm/

Transporte dentro do país

Optamos por fazer todo nosso roteiro de ônibus noturno. Não tenho do que reclamar, os ônibus são ótimos e confortáveis. Chegávamos nas cidades logo cedo, entre 4 e 5 da manhã, mas como não era alta temporada, conseguimos fazer check in neste horário em todos os hotéis que reservamos. Há também opções de ônibus durante o dia para quem não gosta de viajar a noite. A melhor companhia de ônibus chama JJExpress, e foi o melhor ônibus que pegamos em toda nossa viagem até agora.

É possível também viajar de trem, barco e avião. O trem é bastante simples e demorado. As passagens de avião não são muito baratas. E, quanto ao barco, não conseguimos muitas informações.

Dinheiro

A maioria dos lugares aceita dólares (notas novas). Em hotéis, principalmente, eles fazem uma cotação que não vale a pena pagar na moeda local. No entanto, é bom ter um pouco de Kyats para comida e gastos menores.

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Ilhas tailandesas: Paraíso por quanto tempo?

É indiscutível que as ilhas na Tailândia são lugares paradisíacos, mas o aumento do turismo e a exploração destes lugares tem trazido graves problemas ao meio ambiente, ameaçando também a biodiversidade local.

É impressionante como alguns tipos de turistas acham que o mar é tão grande que um saquinho plástico ali ou uma garrafinha lá não vai gerar nenhum problema. Duvido que na casa deste turista, ele sairia largando as coisas assim para cada lado (talvez, sim). Em muitas praias que passamos, apesar do mar transparente e azul turquesa, vimos lixo espalhado pela areia e até no meio do mar. 

Fazendo snorkeling em uma ilha próxima à Koh Tao, tomei um susto ao ver algo se mexendo que parecia ser uma grande água viva. Estava perto de um coral, mas como se mexia de forma esquisita, tentei chegar um pouco mais perto, quando percebi que, na verdade, se tratava de uma sacola plástica jogada no mar. Estávamos em um local isolado, com pouquíssimas pessoas ao redor, mas na rota dos barcos para o passeio de snorkeling, ou seja, um lugar bastante movimentado pelo turismo.

Mas não pense que o problema está somente nos estrangeiros que visitam o país. Nos passeios de barco que fizemos, os barqueiros chegavam bem pertinho dos corais para facilitar o snorkeling na área e jogavam a âncora do barco sem se preocupar com o que tinha embaixo (muitas vezes, corais). Poderiam ter um pouco mais de cuidado para não acabar com a beleza do lugar que eles mesmos tiram seu sustento. Falta conscientização de todos os lados, infelizmente.

A única iniciativa bacana que vi foi em Koh Tao, pois chegamos bem no dia em que estava ocorrendo um Festival para conscientização e captação de recursos em prol do meio ambiente. A ONG “Save Koh Tao” organizou um show com artistas da região e convidou os moradores locais para venderem comidas típicas em pequenas barraquinhas.

Além disso, organizaram uma pequena exposição trazendo animais marinhos feitos de objetos reciclados junto com cartazes que continham informações sobre os danos ao meio ambiente que o homem vem causando. Foi bacana, pois o lugar estava lotado e, mesmo em clima de festa, é uma boa forma de chamar a atenção para o problema.

Algumas cidades como Krabi, no sul do país, organizam grandes mutirões de limpeza nas praias de vez em quando. Mas o grande problema é que são apenas ações pontuais, que ocorrem em determinado momento, enquanto a raiz do problema está na mudança de comportamento.  Já passou da hora do povo acordar e perceber que certas atitudes não são mais aceitáveis no mundo em vivemos.

Há tantos lugares incríveis para visitar na Tailândia, que se quisermos continuar visitando esses lugares, a mudança de comportamento deve ser inevitável.

Ilhas no Golfo da Tailândia

Nosso roteiro pelas ilhas tailandesas começou em Koh Tao, situada no Golfo da Tailândia. Lá, a atração principal está debaixo d’agua, pois é uma região muito popular para mergulho e snorkeling. Tem muitas agências especializadas em mergulho. Vale a pena fazer passeio de barco, que para em 5 praias ao redor da ilha. Mesmo com o tempo nublado, foi muito legal fazer snorkeling e ver um cardume passando tão pertinho da gente.

Bem próximo a Koh Tao, tem a pequena ilha de Nang Yuan, um lugar lindíssimo com uma pequena faixa de areia dividindo as praias. É possível fazer uma pequena trilha subindo escadas e rochas para chegar ao “view point” e ter uma vista de cair o queixo!

Nossa segunda parada foi Ko Pha Nghan, na província de Suratthani. É uma ilha conhecida pela  Festa da Lua Cheia (Full Moon Party) que atrai turistas de todas as partes do mundo. Como não era época desta famosa festa, a ilha estava tranquila. Nós optamos por ficar em uma praia mais afastada do centro e foi uma delícia para relaxar.

A praia que ficamos chama-se Salad Beach. Era bonita, mas a maré estava muito baixa e não dava para nadar. Durante a baixa temporada, é possível encontrar ótimas promoções de hotéis na beira do mar, com piscina e café da manhã, por menos de US$ 30 a diária. Mas na semana da Festa da Lua Cheia, os preços sobem por toda a ilha.

Bem perto de Ko Pha Ngan, fica a ilha de Ko Samui, a maior ilha da região, que conta inclusive com um aeroporto. Ficamos em um hotel na praia de Mae Nam e foi uma ótima escolha; a praia é tranquila, tem bastante opções de cafés e restaurantes, além de ser ótima para nadar.  De lá, pegamos um passeio de barco até o arquipélago de Ang Thong.

O chamado "Ang Thong National Marine Park" é uma área protegida que compreende 42 ilhas. Na pequena ilha de Mae Koh, fomos ao lago "Talay Nai" ou "Emerald Green Lagoon", um lugar incrível, onde o verde da água chega a brilhar mesmo sem ter o sol batendo forte. Depois foi hora de perder o fôlego em uma escalada pelas rochas para chegar na parte mais alta da ilha de "Wua Ta Lap". O percurso não foi fácil, principalmente porque estávamos de chinelo, mas a vista lá em cima, com certeza, compensou o esforço.

Ilhas no mar Andaman

Passamos 2 dias na ilha de Koh Lanta, no sul da Tailândia. Mas vou confessar que não foi a melhor escolha, pois não vimos praias tão incríveis como em outros locais. É gostoso para relaxar e aproveitar a tranquilidade, especialmente durante a baixa temporada. Por outro lado, tinha muita coisa fechada, principalmente padarias e restaurantes. O lado positivo é que hotéis de frente para o mar e com piscina chegam a custar cerca de US$ 15,00 a diária. Entre os prós e contras, valeu a pena, mas para quem tem poucos dias de viagem, talvez não seja tão essencial.

Já Koh Phi Phi é o paraíso da Tailândia escolhido por Hollywwod; a ilha foi o cenário escolhido para o filme “A Praia”, com Leonardo di Caprio, e desde então passou a despertar o interesse de milhões de pessoas, e hoje é um destino bastante procurado.

Maya beach é a praia em que foram gravadas as principais cenas do filme. Vou confessar que é um lugar de cair o queixo, lindissímo. Tivemos uma tremenda sorte de chegar lá em um momento que não tinha tantas pessoas ao redor, o que é difícil porque essa praia virou uma das principais atrações do lugar. De Phi Phi, é preciso pegar um barquinho para chegar na Maya Beach, porque a praia fica em uma baía escondida entre as rochas.

Próximo à ilha de Phi Phi, tem outros lugares paradisíacos que valem a visita; é muito fácil encontrar passeios para estas ilhas. Adoramos a Bamboo Island, que tinha um mar azul e transparente; a Mosquito Island foi excelente para snorkeling; e nadar em uma lagoa próximo à Maya Beach foi um excelente surpresa. Literalmente! Fomos surpreendidos quando estávamos nadando na lagoa, quando, do nada, apareceram 2 caras em um caiaque distribuindo cerveja para galera. Detalhe, cerveja geladinha!

 O curioso é que Phi Phi tem dois públicos diferentes: aqueles que curtem o dia explorando a ilha, fazendo trilhas e caminhadas, e aqueles que curtem a noite, que ferve de baladas valendo até shows de pirofagia e free shots.  O detalhe é que, para ganhar o free shot as mulheres tem que mostrar os seios e os homens tirar a roupa. É, vimos muita doidera caminhando a noite pela praia das baladas, mas também vimos muita gente passando mal e sendo carregada.

Mas, como pertencemos ao primeiro tipo de público, que curte o dia, preferimos explorar a região e encontrar as praias mais afastadas e os melhores lugares para admirar essa paisagem tão deslumbrante!  

Toda essa região foi afetada pelo tsumani em 2004 e, por isso, atualmente foram criadas torres de observação para evitar catásfrofes; é comum encontrar placas indicando a rota de evacuação no caso de outro tsunami.

Koh Phi Phi  foi bastante destruída pelo Tsunami em 2004. As árvores que sobreviveram ao tsunami foram marcadas com lenços coloridos; é possível vê-las por toda a ilha. Foi aqui que gravaram algumas cenas do filme “Impossível”, que conta a história de uma família que sobreviveu à catástrofe. 

Porém, após o Tsunami, houve um aumento expressivo de investimentos na ilha, expensão da estrutura hoteleira e desenvolvimento do comércio, que hoje faz de  Koh Phi Phi um dos destinos mais procurados na Tailândia.

Como se deslocar para e entre as ilhas?

É muito fácil o deslocamento na Tailândia, pois há várias companias de ônibus, ferry e avião.

As ilhas do Golfo da Tailândia ficam mais perto de Bangkok e podem ser um bom início de roteiro. Em Bangkok, é possível fechar o pacote para chegar direto em qualquer uma das ilhas de Koh Tao, Phangan ou Samui, que inclui ônibus e ferry. Os preços variam em cada agência e é bom dar uma pesquisada antes de fechar.  Na região da Kaosan Road, é onde você encontra passeio e transportes para qualquer lugar da Tailândia.

O deslocamento entre as ilhas é bem simples, pois são várias as opções de balsas (ferries) e horários. Em baixa temporada, dá para comprar o ticket na hora. Para se deslocar das ilhas do Golfo da Tailândia para as ilhas no mar Andamam, é preciso de 2 balsas e 1 ou 2 ônibus. As agências já vendem o pacote pronto, com todos os meios de trasnporte inclusos. É cansativo, mas vale a pena.

Avião também pode ser uma ótima ideia, pois os preços são ótimos dependendo do trecho. Nós pegamos um voo de Krabi, que fica ao sul do país, para Bangkok, por 30 dólares, incluindo as taxas. Utilizamos a NOK Airlines e foi excelente, mas o trecho é também operado pela Bangkok Airways, AirAsia e Thai Smilles.

A natureza criou esses lugares incríveis e paradisíacos sem pedir nada em troca, e tem gente que não se dá ao trabalho nem de respeitá-los. Ninguem sai destruindo ou jogando lixo na casa de seus amigos, mas já nas praias, sei lá o que essas pessoas pensam. Só digo uma coisa, eu não quero estar perto quando a natureza ficar enfurecida de novo!

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Bangkok: verdades e mentiras

Tirando os templos sensacionais e os passeios para lugares incríveis, a Tailândia também surpreende no quesito “levar vantagem do estrangeiro”. Nós já passamos por vários países da Ásia e foi preciso sempre estar atento para pequenos golpes, mas em Bangkok, foi muito comum alguém querer enganar para te fazer mudar seus planos. Em geral, são pequenas mentiras para te fazer desistir de seu destino e ir para outro lugar.

No dia em que chegamos na cidade, veio um homem todo simpático conversar com a gente na rua. Ele falava que a rua em que queríamos ir estava fechada e era melhor ir para outro lugar. Estas pessoas te abordam de forma muito simpática e parecem não querer nada em troca, pois “só estão oferecendo informações para te ajudar”. Parece algo tão corriqueiro que a gente nem se dá conta que se trata de um golpe. Mas, na verdade, eles ganham comissão de lojas ou de agências de turismo.

O objetivo deles é fazer você ir em determinado local para comprar um passeio específico ou ir em uma loja ou um shopping, onde eles recebem as comissões. Só que para te convencer, vale tudo, todas as desculpas possíveis e imaginárias. É comum escutar que os templos estão fechados ou que está ocorrendo uma cerimônia em determinado local, ou que tal loja está fechada, ou que “só hoje” tem um mercado super especial. Escutei até que teria fogos de artifício perto de um templo. Tudo mentira!

 Outro dia, estávamos caminhando na rua quando uma mulher se aproximou sorrindo e disse “bom dia”. Ela continuou caminhando e descobrimos que estávamos indo para mesma direção. Perguntou se queríamos ajuda para chegar em algum lugar porque estávamos com um mapa na mão. Ela indicou o caminho e disse: “se quiserem passear por Bangkok, só hoje dia 16, tem um barco que faz um trajeto passando pelos principais Templos e o ticket é a metade do preço do que pagaria se fosse em todos eles separados, mas o barco sai daqui 30 minutos, vocês têm que correr”. Parecia uma ótima dica e ficamos até empolgados.

 Ela continuou oferecendo ajuda, indicou no mapa onde era o lugar e falou: “pega um tuk tuk que vocês chegam a tempo. Não é longe daqui.” Ela foi na rua, parou um tuk tuk que estava passando e negociou o preço com ele, depois falou para gente: “Olha, como é perto, o motorista faz por 10 baths.” Dez baths é equivalente a R$1,00! Na empolgação, entramos no tuk tuk e fomos até o tal lugar, mas no caminho a gente foi se dando conta de que tudo aquilo era muito estranho e quando chegamos no tal lugar, que por sinal parecia ser bastante esquisito, descemos do tuk tuk e saímos andando para outro lado. Ficamos perdidos por alguns minutos para localizar onde estávamos, mas depois encontramos um dos Templos que estava em nosso mapa e foi um alívio. Depois disso, passamos a não acreditar em mais ninguém, mas confesso que é muito ruim visitar uma cidade assim.

São várias as agências de turismo que fecham passeios para todos os lugares da Tailândia e até para os países vizinhos como Camboja e Laos. Mas os preços variam mais que bolsa de valores. Em uma mesma agência, chegamos a ver preços diferentes de dia e de noite. Alguns lugares chegam a cobrar duas ou três vezes mais do que outros. E, no final, a qualidade do passeio é a mesma para todos, porque a maioria dessas agências não têm guias e transportes exclusivos, pois subcontratam em conjunto com outras agências. A dica é ir em várias agências, ficar atento nos roteiros, negociar e comparar os preços.

É, o Brasil não é o único país que as pessoas gostam de “dar um jeitinho” para levar vantagem para tudo. Quanto mais turístico o lugar, pior é.

Mas para não te desmotivar a conhecer a Tailândia, que por sinal é um lugar lindíssimo, é preciso falar também algumas verdades. Os Templos daqui são incríveis. É de deixar cair o queixo para cada detalhe de suas arquiteturas. Antes de visitar as praias e ilhas paradisíacas do país, perto de Bangkok e ao norte do país, tem lugares muito legais para visitar. A Tailândia esconde segredos mais surpreendentes do que seu mar azul de águas transparentes.

A cidade de Ayutthaya fica acerca de 1h30 de Bangkok e foi fundada em 1350, sendo a capital do Reino de Sião por cerca de 400 anos. A Tailândia teve em seu período histórico 4 capitais e Ayutthaya foi a segunda delas. Era uma região de muito comércio e a cidade impressionava estrangeiros desde aquela época.

São mais de 400 templos erguidos na região, que hoje é tombada como patrimônio da humanidade pela Unesco. A maioria dos templos, pagodas e estupas de Bangkok foram inspiradas nas construções de Ayutthaya. Diferente do colorido e do brilho dos templos de Bangkok, em Ayutthaya, o destaque está na história de cada lugar e nas marcas deixadas pelas guerras e disputas do passado, isto sem perder o lado espiritual fortíssimo e tão preservado.    

Geralmente, quando viajamos, é comum encontrar mercados com produtos locais, souvenires e artesanatos nas cidades que visitamos. Na Tailândia e alguns outros países da Ásia, além dos tradicionais mercados de rua, você encontra também os tradicionais mercados flutuantes. Neste tipo de mercado, você precisa de um barquinho para fazer suas compras. É divertido passear pelos canais e até enfrentar o “trânsito” dos barcos. Eles vendem de tudo, e se der fome, não precisa nem sair do barco, pois é possível comprar frutas variadas e petiscos facilmente.

Antigamente, as comunidades eram formadas nas regiões ribeirinhas e os barcos eram a melhor forma de transporte, e assim os mercados foram surgindo e se tornando algo essencial para o comércio da época. O mercado flutuante de Damnoen Saduak é o mais conhecido e fica acerca de 1 hora de Bangkok. Só não dá para esperar muita originalidade, porque estes locais já se tornaram bastante turísticos, mas, mesmo assim, valem a pena.

Em Bangkok, fomos ao Wat Pho, conhecido como Templo do Buddha Reclinado, por ter uma estátua gigante do Buddha deitado. Aliais, não faltam imagens e estátuas do Buddha neste lugar. São mais de 1.000 em todo o complexo. Wat Pho é considerado o berço da massagem tailandesa tradicional, sendo que antes mesmo da construção do Templo, o local era um centro educacional da medicina tailandesa.

E, falando em massagem, é impossível vir para Tailândia sem fazer uma de suas tradicionais massagens, seja em cidades grandes como Bangkok ou nas praias. A massagem tradicional de 1 hora custa em torno de R$ 30,00. Também, é possível fazer massagens somente nos pés, ou nas costas e ombros, cabeça, enfim, tem diversas opções. Fizemos massagens de 30 minutos pagando apenas R$12,00.

Em Bangkok, é imperdível visitar a Cidade Imperial, um lugar suntuoso que impressiona por cada detalhe, no entanto, foi o ingresso mais caro que pagamos (R$50,00 a entrada). O Grande Palácio serviu como residência oficial do rei da Tailândia desde o século XVIII até o século XX. Até hoje, é um local para realização de cerimônias oficiais. Dentro do complexo fica também o Wat Phra Kaeo, um conjunto de templos do século XVIII, que foi construído para marcar a fundação de Bangkok, como a nova capital da Tailândia, até então chamada de Sião.

Para quem tem bastante tempo na cidade, há outros templos super bonitos para conhecer, tais como Wat Arun, Wat Trimitr, Wat Sukhothai Traimit, entre outros.  Fazer um passeio à noite para ver os templos iluminados também é uma boa ideia.

Enfim, tomando cuidado com as mentiras que levam aos pequenos golpes, Bangkok é surpreendente e um ótimo destino.

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Porque você deve colocar o Vietnã no seu roteiro?

Vou confessar que antes desta viagem de volta ao mundo, o Vietnã nunca esteve no topo da minha listinha de países para conhecer, mas depois de visitá-lo, ele acabou de entrar para o topo da minha lista de países que quero voltar.

Vietnã: cicatrizes da Guerra

Quarenta anos após o fim da Guerra do Vietnã, é impossível visitar o país sem mergulhar na história do que aconteceu durante esse período.  A Guerra do Vietnã aconteceu nos territórios do Vietnã do Norte, Vietnã do Sul, Camboja e Laos, entre os anos de 1959 e 1975, e é tido como o conflito armado mais violento que aconteceu na segunda metade do século XX. 

De trem é rapidinho! Explorando o Japão

A melhor forma de explorar o Japão é andando de trem, além de ser divertido experimentar o passeio de trem bala, é extremamente pontual e super confortável. Só um problema: é caro para o nosso padrão brasileiro.

Os autônomos da China: Hong Kong e Macau

Ambos considerados territórios autônomos pertencentes à China, Hong Kong foi colônia britânica até 1997 e Macau pertenceu aos portugueses até 1999. Hoje, cada um destes territórios possui seu próprio sistema legal, moeda, alfândega, direitos de negociação de tratados e leis de imigração próprias. São dois territórios com alto PIB que representam uma ponte econômica conectando a China com o mercado internacional. A colonização de origem europeia não só colaborou com o desenvolvimento destes locais, como também abriu as portas para o relacionamento comercial com o ocidente. Atualmente, os dois países são gigantes do ponto de vista econômico e atraem milhares de visitantes, empreendedores, executivos e apostadores.

Hong Kong é uma movimentada e agitada metrópole. É interessante por ser um lugar em que suas principais atrações estão relacionadas à própria cidade. Não tem como visitar Hong Kong sem escolher um bom lugar para admirar seus grandes edifícios.  Além disso, a arquitetura ousada e moderna chama a atenção para uma vista fascinante desta metrópole, seja de dia ou de noite.

Todos os dias, às 20hs, é apresentado um show de luzes cujos personagens principais são os prédios das suas ilhas. Já tinha visto show de águas dançantes iluminadas, mas prédios dançantes foi a primeira vez. As apresentações são organizadas pelo Ministério do Turismo e participam os principais prédios das ilhas de Hong Kong e Kowloon.

O chamado The Peak é a montanha mais alta da ilha de Hong Kong e oferece a melhor vista de toda a cidade. Para fugir do calor e da alta umidade, era o lugar preferido da burguesia e alta sociedade no século XIX. Na época, era uma área residencial onde moravam vários oficiais do governo e, também, onde se situava o hotel mais luxuoso da época. 

Para chegar até lá, pegamos o famoso e tradicional The Peak Tram (bondinho), aberto ao público em 1888. Naquela época, era um meio de transporte revolucionário e até hoje impressiona pela sua força na subida íngreme do percurso até o alto da montanha. Além da vista incrível, o “The Peak” tem várias opções de restaurantes, shopping e pequenas trilhas pela montanha para explorar ainda mais o lugar.

Com uma população de 7 milhões de habitantes e uma área de 1.054 km², Hong Kong é também uma das áreas mais povoadas do mundo. A cidade foi crescendo de forma vertical para atender a demanda. E, por incrível que pareça, mobilidade urbana não é um problema. É possível encontrar ônibus pequenos, médios e grandes, trens, metrôs, bondes e balsas. Mesmo sendo intensamente usados, em 12 milhões de jornadas por dia, eles são muito bem conservados e limpos.

O hábito de andar a pé é alvo de planejamento e incentivo. Para fugir do calor, há passarelas com ar-condicionado. A maior escada rolante a céu aberto do mundo fica em Hong Kong, no bairro Soho. Além disso, vimos campanhas de conscientização organizadas pelo Ministério de Transportes, orientando as pessoas a atravessarem na faixa de pedestres e respeitarem a sinalização, mediante a aplicação de multa caso não seja cumprido.

Andar de bondinho, atravessar as ilhas de balsa ou ferry e pegar o metrô faz parte da experiência de visitar a cidade. Vimos muita gente pegando o StarFerry, que por sinal é a balsa mais barata do mundo (R$1), somente para tirar fotos dos prédios e das ilhas.

No dia 29 de maio, presenciamos uma iniciativa muito bacana, o “Free Ride Day”. Criado em 2011 para comemorar o aniversário de 150 anos da Câmara Geral de Comércio de Hong Kong, é um dia em que as pessoas podem utilizar os bondinhos (tram) e as principais balsas (ferries) gratuitamente. Além de estimular o uso do transporte público, virou uma ação anual do governo para demonstrar sua preocupação com a comunidade.

Já Macau é o parque de diversões do povo chinês, considerada a “Las Vegas da Ásia”. É, também, uma das cidades mais ricas do mundo. Em 2006, se tornou o maior centro de apostas do mundo, ultrapassando Vegas no volume de dinheiro circulado nos cassinos, o que faz com que a economia do país seja totalmente dependente do jogo e do turismo.

Imagina uma cidade que mistura inglês, português e chinês. Se chinês é complicado para nós, já pensou como seria aprender português para um chinês? A herança da colonização portuguesa em Macau está mais presente na arquitetura do que na língua do país, apesar da Língua Portuguesa ser uma das oficiais do país. Não é comum escutar ninguém falando em português nas ruas. A maioria das pessoas fala chinês (cantonês) e arrisca palavras em inglês por ser uma cidade muito turística. 

Porém, para manter os traços da colonização portuguesa, todos os nomes das ruas, as placas e os nomes dos principais edifícios da cidade são escritos em português, com a tradução em cantonês ao lado e, às vezes, também em inglês. É engraçado porque os chineses se atrapalham um pouco para pronunciar os nomes de rua extensos, típico dos portugueses: “Avenida de Almeida Ribeiro” ou “Calçado do Tronco Velho”.  Por outro lado, se fosse chinês, a gente nem conseguiria ler!

Os cassinos em Macau fazem parte de um universo à parte. São muito parecidos com os de Las Vegas, até porque as grandes redes hoteleiras têm seus hotéis em ambos os países. Os hotéis oferecem muitas opções de entretenimento, de forma a manter os visitantes em seus complexos gigantes. Todos os hotéis que visitamos tinham um shopping exclusivo, com as principais grifes do mundo, restaurantes e até praça de alimentação.

Macau é também uma cidade com alto contraste social. Ao lado dos grandes cassinos, há bairros bastante simples, com habitações pequenas em prédios superlotados. O lado bom é que a indústria hoteleira movimenta a economia do país e gera milhares de empregos para a população, muitos deles de cidades da fronteira da China. E este mercado está em expansão. Vimos novos hotéis e cassinos em construção ao longo da cidade.

O problema para quem está em uma viagem como a nossa é que os hotéis em Macau são muito caros. Um quarto bem simples em um hotel pequeno ou uma pousada (ou hostel) não sai por menos de US$ 100 a diária. Vale a pena ficar hospedado em Hong Kong e pegar o ferry (balsa) para Macau, que dura apenas 60 minutos, apenas para passar o dia por lá.  Uma pena que não sabíamos disso antes de reservar nosso voo saindo do Aeroporto de Macau. De qualquer forma, foi interessante passar alguns dias na cidade e conhecer uma das principais diversões dos chineses.

Referências:

http://revistaepoca.globo.com/especial-cidades/noticia/2012/10/e-possivel-imitar-hong-kong-cidade-que-acaba-de-ser-eleita-o-melhor-lugar-para-viver-do-mundo.html
http://en.wikipedia.org/wiki/Macau
http://tudohongkong.blogspot.hk/
http://scalar.usc.edu/anvc/travel-and-culture-in-hong-kong-and-macau/hong-kong-and-macau-economic-bridges-to-mainland-china

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A cultura japonesa dá o exemplo

Caso perguntarem o que eu mais gostei no Japão, minha resposta não será uma cidade, um local ou uma atração específica. Na minha opinião, é o povo japonês que faz do Japão um dos países mais interessantes de ser visitado.

A cultura japonesa e a educação de seu povo despertam curiosidade e admiração para muita gente; filas são rigorosamente respeitadas e, antes de entrar no metro, é preciso esperar as pessoas saírem; na escada rolante, quem não tem pressa fica sempre do lado esquerdo, deixando a passagem livre do lado direito; eles tiram os sapatos antes de entrar na casa de alguém; ao entrar em uma loja ou mercado, é comum escutar saudações de todos os funcionários; entre outras coisas.

São simples ações, mas que fazem a diferença porque nos fazem repensar nossas atitudes em alguns momentos. Todos nós sabemos dessas regrinhas simples de comportamento, mas muitas vezes somos induzidos pelo comportamento da massa e esquecemos do básico.

Se você perder ou esquecer algo no trem ou metrô no Japão, facilmente poderá recuperar. Na cultura japonesa, pegar o que não lhe pertence pode atrair coisas negativas. Sendo assim, ninguém pega objetos esquecidos e leva para casa, mesmo que seja dinheiro. Nos trens, por exemplo, a regra é assim: se encontrar algum dinheiro perdido, deve levar ao setor de achados e perdidos e fazer um cadastro dando informações de onde, como e hora em que foi encontrado. Se ninguém aparecer no período de 3 meses, com informações semelhantes sobre a perda do dinheiro, eles entram em contato com quem achou e esta pessoa tem o direito de ficar com o dinheiro.

A visão de mundo que nós, ocidentais, temos é diferente dos orientais. Nós enxergamos cada indivíduo como um ser independente e responsável pelas suas ações. Já os orientais veem o coletivo, e enxergam sua responsabilidade perante a comunidade como um todo. O senso de coletividade desperta maior preocupação e interesse em preservar e manter o bem público, assim como o bem individual. Isto faz com que os jardins, ruas, calçadas, parques, sejam muito bem cuidados e preservados, assim como sua própria casa.

Era difícil encontrar cestos de lixos nas ruas. As pessoas estão acostumadas a carregarem seus lixos e o jogarem em casa ou em locais apropriados para isso.

Uma coisa que não se pode negar é que o povo japonês é também bastante obstinado e trabalhador. Ao longo dos anos, o Japão conseguiu superar suas dificuldades, investiu em tecnologia e indústria automotiva, e hoje está entre as maiores potências do mundo, mesmo com algumas instabilidades econômicas pelo percurso.

Outra característica interessante na sociedade japonesa é o seu espírito de trabalho em grupo. Um método que pode ser muito eficiente para enfrentar obstáculos. Um bom exemplo disto é o conceituado método Ringi.  Este método, utilizado por empresas no Japão, adota um processo de tomada de decisão baseado no consenso do grupo e no comprometimento individual de cada participante. Atualmente, várias empresas pelo mundo passaram a utilizá-lo para treinamento de suas equipes.

Falando um pouco das crianças, os japoneses são treinados desde pequenos para serem independentes e responsáveis com seus objetos pessoais. Assim que saem do jardim de infância, é comum irem para escola sozinhas, desacompanhados dos pais. Geralmente eles vão em pequenos grupos, supervisionados por um adulto que os orientam nos cruzamentos mais perigosos.

Em todos os templos e locais históricos que visitamos, vimos grupos escolares com dezenas de crianças e adolescentes fazendo trabalhos e pesquisas. Eu nunca fui tão entrevistada por tanta gente. Para treinar o inglês, principalmente as crianças, tinham a tarefa de fazer uma pequena entrevista com estrangeiros. Eles tinham metas a serem atingidas, sendo que, naquele caso, deveriam entrevistar, no mínimo, 20 pessoas, enquanto os professores ficavam de longe somente observando. Muito educados e atenciosos, nos deram até pequenos brindes, feitos por eles, por termos participado da entrevista.

Conversando com um grupo de jovens, eles nos contaram que é muito comum fazerem estes tipos de passeios. Eles vêm de longe, pegam o trem e passam 3/4 dias fora de casa, mas sempre em grupos organizados pelas escolas.

São bons exemplos como estes que fazem da cultura japonesa algo tão respeitado e admirado por todo o mundo. Para mim, conhecer um país não é somente visitar seus pontos turísticos, é entender o modo de vida das pessoas, conhecer seus hábitos e vivenciar um pouco de sua cultura. E, por estes aspectos, o Japão me surpreendeu muito mais do que seus belos templos e lindas paisagens.

 

Referência:
http://www.japaoemfoco.com/10-segredos-de-sucesso-dos-japoneses/

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